Política

Na primeira reunião do ano, Bernardo Mucida faz uso da tribuna e não poupa críticas ao governo Damon

Geraldo Torrinha também cobrou do prefeito a construção do Centro de Internação de Menores Infratores, fora da área urbana

A primeira reunião da Câmara Municipal de Itabira em 2015, sob a coordenação do novo presidente Solimar José da Silva (SD), foi tranquila. Os vereadores já na primeira reunião apresentaram várias indicações importantes que foram votadas e aprovadas.

A única surpresa foi a cobrança enérgica de alguns vereadores sobre projetos relevantes para o município que estão parados. O vereador Tãozinho Leite (PP), foi um dos que cobrou as obras do restaurante popular que, de acordo com ele, se arrasta há anos e disse que tem travado uma grande batalha para que o restaurante, obra de tamanha importância para o município, seja construído. O vereador lembrou que quando presidiu a Casa, foi a Brasília atrás de recursos para a construção deste restaurante. A construção do restaurante popular fez parte da proposta de campanha de Damon e recebeu vários repasses em recursos para ser construído no início da avenida das Rosas, até hoje sem andamento.

Geraldo Torrinha e Bernardo Mucida fizeram discursos inflamados contra a administração de Damon

Geraldo Torrinha e Bernardo Mucida fizeram discursos inflamados contra a administração de Damon

 

Já o vereador Bernardo Mucida (PSB) na primeira reunião do ano fez uso da tribuna com um discurso inflamado e conclamou os companheiros a unir forças contra o que Damon esta fazendo com Itabira. Segundo o vereador é preciso de uma reação enérgica da Câmara, pois Damon esta quebrando a Prefeitura. Mucida disse que a crise financeira que o município enfrenta foi gerada pelo próprio Damon quando juntou vários partidos para vencer as eleições, o que Bernardo chamou de “grupão”, mesmo adjetivo usado por Damon para referir-se ao grupo do ex-prefeito João Izael. Bernardo disse que Damon precisa ter coragem para por fim nesta situação que ele mesmo criou e que é preciso acabar com o cabide de empregos que custam aos cofres públicos mais de R$ 6 milhões por ano. Bernardo falou também do contrato superfaturado em R$ 3,4 milhões que esta sendo questionado pelo Ministério Público e disse que Damon, ao invés de administrar a cidade para o cidadão, esta preocupado apenas em cumprir compromisso com apoiadores e financiadores de sua campanha.

Mucida também foi duro ao questionar a decisão de Damon que suspendeu a construção do Centro de Ressocializaçao para Menores Infratores sob a alegação de que a prefeitura está endivida e que não há recursos para a obra. O vereador disse que Damon não pode deixar a população de Itabira morrendo nas ruas e lembrou que há empresários encerrando suas atividades porque não aguentam mais serem assaltados todos os dias. Ele disse ainda que Itabira está entre as cidades mais ricas do Estado, que tem uma receita que é desejada por muitos outros municípios com população maior e mesmo assim o município está endividado, com fornecedores e prestadores de serviço sem receber há 90 dias.

Mucida foi apoiado em seu discurso pelo colega Geraldo Torrinha (PDT), que foi incisivo ao cobrar a construção do centro de ressocialização para menores e disse que a falta de recursos não pode servir de desculpa, que Damon precisa administrar a cidade com mais respeito e sugeriu que o centro seja construído próximo a cadeia pública e não no bairro São Marcos que, segundo ele, é o coração da cidade. Torrinha cobrou ainda de Damon o pagamento de terceirizados e prestadores de serviço que estão atrasados há mais de 90 dias. Ele citou como exemplo um caminhoneiro e disse que eles gastam óleo, mão de obra, manutenção e estão rodando há 90 dias sem receber e pediu ao prefeito que corte as despesas desnecessárias para pagar em dia os prestadores de serviço que também tem suas obrigações e estão acostumados a mantê-las em dia.

O vereador pediu ao prefeito que acabe logo com os gastos exorbitantes e desnecessários com a TV Cultura, – que ele chama de TV Mentira – isto porque a autorização para funcionamento da TV, que é a outorga dada pelo Ministério das Comunicações, venceu e Damon não conseguiu organizar a documentação para manter a TV no ar. Mesmo assim o prefeito Damon nomeou vários apoiadores de campanha em cargos comissionados para trabalhar na TV Cultura que na verdade não existe, o que explica o adjetivo dado à TV pelo vereador. Damon ainda comprou carro e mobília nova para a TV que é usada como cabide de empregos para atender aliados.

O discurso dos dois vereadores que levantaram várias questões sobre a administração, fatos que não são novidade, não foi contestado por nenhum dos seus pares como nos anos anteriores. O novo ano parece que inaugura na Câmara uma nova postura dos vereadores, mais solidária à população, comprometida com seus eleitores e atenta às dificuldades que enfrenta o município. A leitura que pôde ser feita da primeira reunião é que os 15 vereadores que apoiaram incondicionalmente Damon nos primeiros dois anos de mandato perderam a esperança de que ele poderia ainda adotar uma administração séria e responsável e terão a partir de agora uma posição mais independente, trabalhando pela governabilidade, mas sem esquecer o clamor da população.

Nos primeiros dois anos da administração de Damon aconteceram várias contratações de empresas sem licitação, superfaturamento na terceirização de mão de obra em R$ 3,4 milhões, conforme denúncia do Ministério Público, gastos com uma televisão que não existe, caos na saúde que se instalou no município, caso Sindicon e outros que levaram o município ao endividamento, mesmo sendo o município um dos que mais arrecada no Estado, práticas estas que poderão ser corrigidas com uma melhor fiscalização da Câmara.

Em toda cidade que há ação do governo em desacordo com a lei ou sob suspeita, o legislativo instala uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar os fatos. No caso de Itabira, uma CPI para investigar estas e outras ações do governo poderia fazer bem até ao próprio prefeito, pois muitas vezes acontecem desvios de conduta em algumas secretarias que o próprio chefe do executivo pode não tomar conhecimento e uma CPI ajudaria a esclarecer os fatos.

Em Itabira para se instalar uma CPI, que tem poderes para investigar e esclarecer os fatos, demanda apenas de quatro vereadores. Como Geraldo Torrinha e Bernardo Mucida lutam para buscar as verdades sobre o que acontece no governo Damon, bastariam apenas mais dois vereadores para se instalar esta CPI que faria muito bem a sociedade itabirana. É preciso investigar várias ações do governo que aparentemente são lesivas aos cofres públicos, o que só poderá ser feito através de uma CPI que além de esclarecer vários questionamentos ainda poderá contribuir com o Ministério Público nas ações que investigam a contratação de empresas sem licitação.

Se a Câmara adotar mesmo esta postura de independência que pareceu adotar nesta primeira reunião, Itabira poderá aproveitar pelos menos os últimos dois anos do governo Damon que termina no dia 31 de dezembro de 2016. Caso contrário, serão quatro anos perdidos e o futuro prefeito terá muita dificuldade para administrar uma cidade endividada e com muita demanda.

Comentários


  • 04-02-2015 19:58:00 Lucio

    ITABIRA MERECE UMA ADMINISTRAÇÃO SERIA E TRANSPARENTE.

  • 04-02-2015 19:49:00 Leonardo

    Ainda é tempo! Espero que este jornalista não esteja enganado, estamos sentindo muita falta da atuação da câmara. Se o prefeito não tem nada a esconder por que não querer uma CPI. Proponha essa CPI Torrinha, você ou o Bernardo