Rio de Janeiro - O grande problema dos técnicos é o ego.
Dos brasileiros e dos estrangeiros.
O novo técnico do Flamengo, Domènec Torrent, é prova disso.
O “Dome”, que é como o espanhol prefere ser chamado, já sofreu duas derrotas em dois jogos dirigindo o rubro-negro.
Pior, jogando mal.
Os dirigentes alegam que o treinador teve pouco tempo para treinar. Concordo. Mas, então, porque não manter o “time do Jorge Jesus”? O time já está encaixado. Joga por música.
Não mantém, por causa do ego.
Se Dome obtiver sucesso com o “Flamengo de Jesus”, vão dar os méritos ao treinador português, não a ele.
E isso o Dome não quer. Ele prefere jogar com o time dele. Ainda que o time dele seja pior que o Flamengo de Jorge Jesus.
O melhor momento do Flamengo, até agora, nas mãos do Dome, foi o primeiro tempo contra o Atlético Mineiro. Com o "time do Jorge Jesus". Merecia ter saído na frente do Galo. Goleando, até.
No segundo tempo, ele quis inventar. Mudar o time. Botar em campo o “seu” Flamengo, com cinco atacantes. Deu no que deu.
Contra o Atlético Goianiense, então, ele exagerou.
Modificou todo aquele Flamengo do Jesus, que jogava com uma zaga tradicional, laterais ofensivos, muita movimentação a partir do meio de campo, liberdade para os jogadores trocarem de posição, volantes que surgiam de surpresa para concluir a gol.
Everton Ribeiro e Arrascaeta, articulando, criando situações com toques curtos, dribles, nas linhas defensivas adversárias abrindo espaços para a penetração dos companheiros, para as conclusões.
Na frente, Gabigol e Bruno Henrique sempre próximos, buscando tabelas, infiltrações, chutes a gol.
Era um time se recompunha rápido, logo que o Flamengo perdia a bola.
Esse time não entrou em campo contra o Atlético Goianiense.
Dome mudou todo o time. Barrou o Rafinha. Inventou o Rodrigo Caio como lateral direito. Jogou com quatro zagueiros. Barrou o Arrascaeta e entrou com o limitado Vitinho. Mudou o Bruno Henrique de lado. Botou o Éverton Ribeiro para jogar por dentro, onde, sabidamente, ele rende menos.
Dome quer provar que já é um treinador pronto e não o eterno auxiliar do Pep Guardiola.
Montou o “seu” Flamengo para enfrentar o Atlético Goianiense.
Só que o Flamengo do Dome é outro Flamengo. Bem diferente do Flamengo de Jorge Jesus.
Diferente e pior.
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