A aprovação em concursos públicos e processos seletivos é o desejo de muitos que buscam uma melhor colocação no mercado de trabalho. Os candidatos dedicam horas de estudos e preparação sonhando com uma vaga.
Foi exatamente o que aconteceu com a candidata M.R.L.B., 35 anos, moradora do bairro Padre Eustáquio, em Belo Horizonte, que participou do Processo Seletivo Público Simplificado-Edital MGS Nº02/2019, conduzido pela MINAS GERAIS ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS S.A. (MGS). A vaga pleiteada era de Auxiliar de Apoio ao Educando, na Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte (SMED).
Segundo M.R.L.B, embora não tenha experiência comprovada, resolveu tentar uma das vagas previstas no edital para o cargo. Assim, fez sua inscrição e se preparou para a prova. Quando o resultado foi divulgado viu que havia sido classificada para a etapa seguinte, que seria exatamente a comprovação de experiência, o que somaria mais pontos na classificação. Porém, nessa etapa a candidata não pontuou, mas mesmo assim não foi desclassificada e seguiu participando do processo.
Ainda segundo M.R.L.B, no dia 14 de outubro recebeu um e-mail da MGS convocando-a para comparecer em sua sede levando todos os documentos. Naquele momento a candidata estava certa de que seria então contratada para o cargo.
Chegando lá, um funcionário da MGS teria entrado na sala de espera e perguntado quem aguardava para entregar os documentos pela primeira vez, e aqueles que levantaram a mão foram convidados para acompanhar este funcionário até uma outra sala. Neste momento, o funcionário perguntou quem ali não tinha experiência comprovada e cerca de trinta pessoas, inclusive M.R.L.B, manifestaram. O funcionário da MGS então conduziu essas pessoas que não tinham experiência para um corredor, onde ficam os guichês de atendimento, e pediu que aguardassem o chamado dos guichês 21 e 23, sem dar nenhuma explicação.
De acordo com M.R.L.B, após esperar por um tempo, um dos candidatos foi até um dos guichês e perguntou se eles seriam chamados para entregar os documentos, mas para a decepção de todos, o atendente disse que o motivo de estarem ali era para assinar uma declaração afirmando estarem cientes da desclassificação. Nesse momento houve um protesto da parte dos candidatos que alegaram não terem sido informados em nenhum momento anterior de que estariam desclassificados, pelo contrário, o e-mail de convocação por eles recebido era para a entrega de documentos.
Segundo M.R.L.B, mesmo diante das reclamações, o funcionário disse apenas que não adiantaria nada entregar os documentos, já que estavam todos desclassificados. “Nós ficamos indignados, nos sentimos enganados e iludidos durante o processo todo. Em hipótese alguma disseram que quem não tinha experiência estaria desclassificado, pelo contrário, nos chamaram para entregar os documentos, como se fôssemos ser contratados naquele momento”, lamentou a candidata.
M.R.L.B questiona que o edital não previa a desclassificação pela falta de experiência, tanto que chegou a ser convocada junto aos demais para a entrega de documentos. No entendimento dela, a única penalidade nesse caso seria não pontuar na análise de experiência, porém, continuaria na disputa com os pontos conquistados na prova objetiva.
“Nos fizeram aguardar mais de um mês, após a análise de experiência, para chegarmos na empresa e recebermos a ‘notícia’ de que estávamos desclassificados e não poderíamos assumir o cargo por falta de experiência. Nos fizeram perder tempo, dinheiro de condução e xerox de documentos para no final nos desclassificar”, concluiu indignada.
O Folha de Minas fez contato com a MGS em busca de esclarecimentos. Enviamos também e-mail para Flávia Fernandes de Moraes, da assessoria de imprensa da MGS, mas até o fechamento desta matéria não tivemos nenhum retorno.
PRÁTICA RECORRENTE
Essa não é a primeira vez que a nossa redação recebe reclamações acerca de certames organizados pela MGS.
Em 2011 O Folha de Minas foi procurado pelo motorista Alcir Sarter Almenara, da cidade de Itabira/MG. Na época ele reclamou que havia prestado o Concurso Público - Edital MGS 01/2011, para o cargo de Motorista Carteira de Habilitação “D”, na cidade de Itabira, tendo sido aprovado e classificado em primeiro lugar com 24 pontos. Embora o edital informasse a existência de 1 vaga para o município, ele nunca foi chamado para tomar posse.
Curioso é que para o município de Contagem, por exemplo, o edital também previa somente 1 vaga para o cargo de Motorista Carteira de Habilitação “D”. Mas dentre os candidatos que optaram por disputar a vaga de Contagem, 15 foram contratados para o cargo no município e outros 9 foram convocados para prestar serviço em outras cidades.
A reclamação do motorista Alcir Almenara também foi encaminhada à MGS pelo jornal O Folha de Minas, porém, nenhuma explicação foi dada.
Comentários
Essa denúncia é grave e não é nova! Esse caso de Contagem merecia muito uma investigação do Ministério Público. Quem fez o concurso tem que cobrar e partir pra cima pq debaixo desse angu tem caroço.