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Em entrevista, Gilmar Mendes afirma que Sérgio Moro é o 'chefe da Lava-Jato' e Dallagnol o 'bobinho'

Ministro afirmou ainda que a troca de mensagens entre Moro e Dallagnol pode anular a condenação de Lula

Ministro Gilmar Mendes (Foto: Reuters/Ueslei Marcelino)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, afirmou em entrevista à revista Época, que os diálogos revelados entre o ex-juiz federal Sergio Moro e o procurador da República Dalton Dallagnol, mostram que o verdadeiro “chefe” da operação Lava-Jato é o ministro da Justiça, Sérgio Moro. “O chefe da Lava-Jato não era ninguém mais, ninguém menos do que Moro. O Dallagnol, está provado, é um bobinho. É um bobinho. Quem operava a Lava-Jato era o Moro”.

Gilmar ainda afirmou que as mensagens trocadas entre Moro e Dallagnol podem tornar nula a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Eu acho, por exemplo, que, na condenação do Lula, eles anularam a condenação”, analisou.

O ministro do STF aponta até a existência de prática de um crime nas conversas vazadas. “Um diz que, para levar uma pessoa para depor, eles iriam simular uma denúncia anônima. Aí o Moro diz: ‘Formaliza isso’. Isso é crime”.

No trecho citado por Gilmar Mendes, Dallagnol escreveu que faria uma intimação oficial com base em notícia apócrifa, diante da negativa de uma fonte do MPF de falar e Moro responde que seria “melhor formalizar”.

“Simular uma denúncia não é só uma falta de ética, isso é crime”, completa Gilmar.

A Constituição de 1988 estipula que o juiz não pode ter vínculos com as partes do processo judicial. Com a parte acusadora, neste caso o MP, não deve haver troca de informações ou atuação fora das audiências.

Em comunicado divulgado na noite de domingo (9), a força-tarefa da Lava Jato confirma ter sido hackeada e afirma que as mensagens trocadas entre Sergio Moro e Deltan Dallagnol, atual coordenador da força-tarefa, publicadas pelo site Intercept, são frutos de uma atividade criminosa. 

Além de Moro e do procurador Deltan Dallagnol, foram alvos de ataques de hacker a juíza Gabriela Hardt, que substituiu o ministro quando esse deixou o cargo de juiz, o desembargador Abel Gomes e o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. 

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