Saúde

Avião levando médicos cubanos que deixaram o Brasil chega a Havana

Brasileiros choram a saída dos cubanos do programa Mais Médicos

Em todo o território nacional, vários municípios já sofrem com a saída dos médicos cubanos que trabalhavam no programa Mais Médicos, criado em 2013pela ex-presidente Dilma Roussef. Só na região metropolitana de Belo Horizonte, mais de 200 mil pessoas foram afetadas pelo rompimento do acordo.

Os médicos estão deixando o país em aviões fretados pelo governo de Cuba. A população reclama a saída dos cubanos que, além de excelentes profissionais, tratam com carinho os pacientes e as vezes deixam os postos de saúde para ir até as casas dos usuários atendê-los.

Só em Ribeirão das Neves, 17 médicos que faziam parte do programa já deixaram o país. Em Santa Luzia, 15 médicos também foram embora. Até o mês de dezembro, os mais de 8,3 mil médicos que atendem em todas as regiões do país, retornarão a Cuba, deixando sem atendimento milhões de pessoas.

Em vários municípios da região metropolitana os usuários, ao chegarem para as consultas que já estavam marcadas, são informados de que não há médicos para o atendimento e nem previsão de quando a situação será normalizada.

O governo federal abriu edital para contratar 8.517 médicos para preencher o espaço deixado pelos cubanos. Só na grande Belo Horizonte, 87 médicos cubanos atendiam as prefeituras. Em todo o estado eram 603 profissionais.

A convocação do governo de Cuba para o retorno dos médicos ao seu país se deu depois que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, declarou, através das redes sociais, que iria fazer algumas alterações no contrato celebrado entre Brasil e Cuba para o programa Mais Médicos. Bolsonaro levantou a questão do Brasil não ter exigido que os cubanos fizessem a prova do Revalida para atestar seus conhecimentos. Disse ainda que não concordaria em repassar 70% do salário dos profissionais para o governo de Cuba e disse também que iria exigir que eles pudessem trazer suas famílias. A reação do presidente cubano, Miguel Díaz-Canelfoi imediata. Ele disse que os médicos de Cuba trabalham em mais de 160 países e que tais exigências era duvidar da formação destes profissionais. O embaixador de Cuba no Brasil também disse que seu país nunca colocou impedimento para que os médicos que trabalhavam no Brasil pudessem trazer suas famílias.

Ilustração: Netto
Ilustração: Netto

 

O governo brasileiro deve enfrentar dificuldades para repor esses profissionais, principalmente, em algumas cidades que ficam distantes dos grandes centros, onde os médicos brasileiros não se dispõem a trabalhar. Hoje já faltam profissionais em vários municípios por todo o país e milhares de pessoas ficarão sem atendimento enquanto os novos profissionais não forem contratados.

Nesta sexta-feira (23) o primeiro voo levando os médicos cubanos que deixaram o Brasil desembarcou no Aeroporto Internacional Jose Marti, em Havana, onde foram recebidos pelo presidente Díaz-Canel. Pelo twitter o presidente já havia antecipado as boas-vindas aos médicos.

"Nas primeiras horas de sexta-feira começam a chegar à Pátria os apóstolos da saúde cubana que são #MasQueMedicos. Nossa homenagem aos homens e mulheres que fizeram história no Brasil. Bem-vindos em casa", tuitou Díaz-Canel.

No desembarque, um dos médicos falou ao jornal "Juventud Rebelde" sobre a decisão do governo cubano.

"Voltamos hoje, e assim farão nossos colegas, com toda honra e dignidade do mundo. Nunca permitiremos ameaças, nem que questionem o humanismo e o profissionalismo com que atendemos nossos pacientes brasileiros", disse.

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