A aceleração da inflação, os juros altos e a piora das condições do mercado de trabalho levaram a que o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas atingisse novo recorde negativo na série histórica iniciada em setembro de 2005.
Dados divulgados hoje (25) pelo Ibre indicam que, em fevereiro, o ICC recuou 4,9%, em relação a janeiro deste ano, passando de 89,8 para 85,4 pontos, a segunda queda consecutiva do indicador. Com o resultado, o ICC ficou 9,3 pontos abaixo do mínimo registrado na crise internacional de 2008-2009, de 94,7 pontos. Entre janeiro e dezembro do ano passado a queda havia sido ainda maior: 6,7%.
Segundo o Ibre, a queda do ICC foi motivada tanto pela piora da situação atual quanto das expectativas. Entre janeiro e fevereiro, o Índice de Situação Atual (ISA) caiu 7%, de 88,5 para 82,3 pontos; enquanto o Índice de Expectativas (IE) recuou 4,2%, ao passar de 90,8 para 87 pontos. Os dois índices também encontram-se em níveis mínimos históricos.
Para o especialista em análises econômica do Ibre-FGV, Tabi Thuler Santos, “a combinação de aceleração da inflação, manutenção da tendência de alta dos juros, piores perspectivas para o mercado de trabalho, além do aumento do risco de racionamento hídrico e energético deflagrou uma onda de pessimismo entre os consumidores brasileiros no início de 2015. Essa percepção negativa sobre os rumos da economia deve contribuir para aprofundar a desaceleração do nível de atividade”, avaliou.
As informações do Ibre indicam, ainda, que a maior contribuição negativa para a queda do Índice de Situação Atual veio do indicador que mede o grau de satisfação com a situação econômica atual, que registra o menor patamar da série histórica pelo segundo mês consecutivo. “A proporção de consumidores afirmando que a situação da economia está boa caiu de 6%, em janeiro, para 5,8% do total, em fevereiro, enquanto a parcela dos que a consideram ruim aumentou de 61,8% para 71,6% no mesmo período”, diz o documento.
Em relação ao futuro próximo, as expectativas também não são favoráveis. O indicador de otimismo com a situação econômica nos seis meses seguintes caiu de 77,6 para 69,2 pontos, aprofundando o mínimo histórico já atingido em janeiro. A parcela de consumidores prevendo melhora diminuiu de 16,6% para 14,9%. Já o grupo dos que preveem piora aumentou de 39,0% para 45,7% do total.
A edição de fevereiro de 2015 coletou informações de 2091 domicílios entre os dias 31 de Janeiro e 21 de Fevereiro. A próxima divulgação da Sondagem do Consumidor ocorrerá em 25 de março de 2015.
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