Megaoperação no Rio deixa ao menos 64 mortos e 81 presos em ação contra o Comando Vermelho
Entre as vítimas estão quatro policiais; operação é a mais letal da história do estado, segundo o governo do Rio
Rio de Janeiro – Pelo menos 64 pessoas morreram, incluindo quatro policiais, e 81 foram presas nesta terça-feira (28) durante uma megaoperação contra o Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Segundo o Palácio Guanabara, esta é a operação mais letal da história do estado.
A ação faz parte da Operação Contenção, uma ofensiva permanente do governo fluminense para conter o avanço da facção em territórios dominados pelo tráfico. Cerca de 2,5 mil agentes participaram do cerco, que teve cem mandados de prisão expedidos.
Confrontos e retaliações
A operação começou no fim da madrugada, quando as forças de segurança chegaram às comunidades e foram recebidas a tiros. Segundo a Polícia Civil, traficantes reagiram com barricadas em chamas e bombas lançadas por drones. Um vídeo divulgado por moradores mostra quase duzentos disparos em um minuto.
Durante o dia, o tráfico orquestrou represálias em vários pontos da cidade, com barricadas na Linha Amarela, Grajaú-Jacarepaguá e Rua Dias da Cruz, no Méier. Por causa dos bloqueios, o Centro de Operações e Resiliência (COR) elevou o nível operacional do Rio para grau dois, em uma escala de cinco. A Polícia Militar suspendeu as atividades administrativas e determinou que todo o efetivo fosse às ruas.
Mortes e feridos
O balanço parcial aponta 60 suspeitos mortos em confronto, sendo dois da Bahia e um do Espírito Santo. Entre as vítimas também estão dois policiais civis e dois policiais militares.
As mortes confirmadas são:
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Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, 51 anos, conhecido como Máskara, chefe de investigação da 53ª DP (Mesquita);
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Rodrigo Velloso Cabral, 34 anos, da 39ª DP (Pavuna);
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Cleiton Searafim Gonçalves, policial do Bope;
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Herbert, policial do Bope.
Três pessoas inocentes ficaram feridas: um homem em situação de rua, baleado nas costas e levado para o Hospital Getúlio Vargas; uma mulher atingida enquanto estava em uma academia, já liberada; e um homem ferido em um ferro-velho.
Prisão de chefes da facção
Entre os presos estão Thiago do Nascimento Mendes, o Belão do Quitungo, apontado como um dos líderes do CV na região, e Nicolas Fernandes Soares, suposto operador financeiro de Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca ou Urso, um dos principais chefes da facção.
As forças de segurança apreenderam 75 fuzis, duas pistolas e nove motocicletas.
Posicionamento do governo
O secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos, afirmou que a operação foi planejada com antecedência e não contou com apoio do governo federal.
“Toda essa logística é do próprio estado. São aproximadamente nove milhões de metros quadrados de desordem no Rio de Janeiro”, disse o secretário.
Santos destacou que cerca de 280 mil pessoas vivem nas áreas afetadas pela operação.
“Lamentamos profundamente as pessoas feridas, mas essa é uma ação necessária, planejada, com inteligência, e que vai continuar”, afirmou.
Após a declaração, o Ministério da Justiça e Segurança Pública divulgou nota oficial em que rebate a informação e afirma que mantém a Força Nacional no Rio de Janeiro desde outubro de 2023, com atuação garantida até dezembro de 2025, podendo ser renovada.
Segundo a pasta, o governo federal atendeu a todos os onze pedidos de renovação feitos pelo estado, o que demonstra, de acordo com o comunicado, “total apoio” às forças de segurança estaduais e federais que atuam na capital fluminense.
Escolas e unidades de saúde nas comunidades não abriram nesta terça. Até a última atualização, a operação ainda estava em andamento.
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