Luiz Antonio Solda nasceu em Itararé - cidade do interior de São Paulo, famosa pela Batalha de Itararé, criada pelo imaginário do Barão de Itararé - em 22 de agosto de 1952.
Em 1965, com apenas 13 anos, foi morar com o pai, caminhoneiro, em Curitiba, no Paraná.
A paixão pelo desenho começou quando Solda ainda era criança. O menino Luiz Antonio morava em uma rua de terra batida e já nessa época, junto com um amigo chamado Sapo, desenhava figuras com jatos d'água no chão.
Publicou seus primeiros desenhos em 1968, com 16 anos na "Correio dos Ferroviários”, revista editada pelo Denizar Zanelo de Miranda, um expert e apaixonado por desenho e histórias em quadrinhos, que tinha uma coluna no jornal “O Estado do Paraná”.
Solda trabalhou em quase todos os jornais do Paraná, entre eles o “Diário do Paraná”, “Estado do Paraná”, “Correio de Notícias” e “A Voz do Paraná”.
O trabalho politizado e cáustico de Solda o transformou em um dos grandes do cartum brasileiro. Mas também lhe trouxe problemas. Em 2011, acusado de preconceito e racismo, o cartunista foi demitido do jornal “O Estado do Paraná'', por uma charge publicada no site Paraná-Online.
A charge, mostrando um macaco dando banana ao presidente dos EUA, Barack Obama, foi feita por ocasião da visita do presidente dos Estados Unidos ao Brasil, naquele ano. Longe de uma manifestação de racismo, a charge nos remete ao termo “República das Bananas”, criado pelo cronista e humorista norte-americano Henry, pseudônimo de William Sydney Porter (1862-1910), quando se referia ao colonialismo imposto pelos Estados Unidos.
Ao criar a charge, Solda, disse: “Meu único objetivo era criticar os Estados Unidos em sua real pretensão de serem superiores a outros países. Não tem nada a ver com o Obama, com racismo, nem com nada.”
Conheci o trabalho do Solda através de um livrinho que ele publicou, não lembro o ano, intitulado simplesmente, “Solda”. O livro, com prefácio do Jaguar, trazia um resumo de sua carreira, com cartuns geniais de várias épocas. No livro há ainda seis desenhos curiosos, que fogem um pouco a esse estilo, nos quais o cartunista mostra suas versões (bem distorcidas) de Mafalda, Alfred E. Neuman, Pato Donald, Snoopy, Capitão América e Superman.
Já era fã do seu trabalho, desde a época de “O Pasquim”. Ultimamente, o cartunista andava meio sumido. No último domingo (22), Solda fez aniversário. 69 anos. Stalkeando - para usar uma palavra da moda - suas redes sociais para lhe desejar feliz aniversário, fiquei sabendo que ele publica em seu blog “Solda Caústico”, minhas crônicas escritas no jornal “O Folha de Minas”. Fiquei mais fã ainda.
Luiz Solda foi premiado em vários salões pelo país; venceu duas vezes o “Salão de Humor de Piracicaba” (SP). Com o dinheiro que ganhou no salão comprou um Fusca e um guarda-roupa.
Em 2014, ganhou na Bienal de Quadrinhos de Curitiba o 1º Prêmio Cláudio Seto de Quadrinhos (Troféu Maria Erótica) pelo conjunto da obra. Na ocasião, Solda fez homenagem a Chuji Seto Takeguma - nome verdadeiro do artista -, jornalista e cartunista com quem trabalhou e conviveu por muitos anos e aos quadrinistas Alceu Chichorro e Poty Lazzarotto que foram seus colegas na Grafipar, nos anos 70. “Poucos sabem, mas Poty foi minha fonte de inspiração, me ensinou a desenhar sem excesso” - disse ele.
A sua história inclui, além das passagens pelos principais jornais do Paraná, colaborações em veículos como “O Pasquim”, “Jornal do Brasil”, “Ovelha Negra” e na revista “Bundas”, entre outras.
O cartunista fez parte, com outros 83 cartunistas e escritores de humor, do livro “Antologia Brasileira de Humor”, lançado em 1976 pela editora L&PM, de Porto Alegre.
A “marca registrada” de Solda, além dos personagens “quadradões”, é o uso de letras enormes nos balões de seus cartuns. Ao mesmo tempo que esse efeito compunha as hachuras, também se tornava parte integrante da arte.
Em sua biografia, o artista se classifica como cartunista, poeta, publicitário, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga.
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