O assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi foi planejado por funcionários da Arábia Saudita, concluiu nessa quinta-feira (7) relatório preliminar da investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o caso. Khashoggi, um ferrenho crítico do príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, foi morto no consulado do país em Istambul.
"Evidências coletadas durante minha missão na Turquia mostram que Khashoggi foi vítima de um assassinato brutal e premeditado, planejado e cometido por funcionários da Arábia Saudita", disse a relatora especial da ONU sobre execuções extrajudiciais, Agnes Callamard.
Entre as evidências às quais a especialista da ONU teve acesso há trechos de áudios "espantosos e apavorantes obtidos e conservados pela agência turca de inteligência". A relatora, no entanto, reconheceu que sua equipe não teve a oportunidade de examinar de maneira profunda esse material e nem de verificar sua autenticidade.
A especialista afirmou que o assassinato de Khashoggi representou uma violação do direito internacional e das normas que regulam as relações entre países quanto ao uso legal que se deve fazer das missões diplomáticas.
"As garantias de imunidade em nenhum caso foram concebidas para facilitar um crime e exonerar os autores da sua responsabilidade penal", destacou Callarmad em declaração divulgada pelo Escritório de Direitos Humanos da ONU em Genebra.
Callamard afirmou também que "as circunstâncias do assassinato e a resposta dos representantes do Estado (saudita)" podem ser descritas como "imunidade para a impunidade".
A especialista viajou à Turquia com uma equipe que incluía um investigador de crimes graves e um legista. Durante suas indagações, constatou que a Arábia Saudita estava obstruindo e prejudicando os esforços das autoridades turcas para elucidar as circunstâncias da morte do jornalista.
Um relatório final com os resultados da investigação será apresentado em junho ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.
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