O empresário Joesley Batista, dono da JBS, teria entregue à Procuradoria Geral da República (PGR) uma gravação que compromete ainda mais o senador Aécio Neves. Segundo o Jornal O Globo, no áudio o presidente do PSDB aparece pedindo R$ 2 milhões ao empresário, sob a justificativa de que precisava da quantia para pagar despesas com sua defesa na Lava-Jato.
De acordo com o texto assinado por lauro Jardim, o diálogo gravado durou cerca de 30 minutos. Aécio e Joesley teriam se encontrado no dia 24 de março no Hotel Unique, em São Paulo. Quando Aécio citou o nome de Alberto Toron, como o criminalista que o defenderia, não pegou o dono da JBS de surpresa. A menção ao advogado já havia sido feita pela irmã e braço-direito do senador, Andréa Neves.
De acordo com a reportagem, foi ela a responsável pela primeira abordagem ao empresário, por telefone e via WhatsApp (cujas trocas de mensagens estão com os procuradores). As investigações, contudo, mostrariam para a PGR que esse não era o verdadeiro objetivo de Aécio.
Segundo o Jornal O Globo, o empresário não aceitou o pedido e quis saber quem seria o responsável por pegar as malas. Deu-se, então, o seguinte diálogo. (transcrição feita a partir da matéria do jornal O Globo)
— "Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança", propôs Joesley.
— "Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho", respondeu Aécio.
Ainda como narra o texto, o presidente do PSDB indicou um primo, Frederico Pacheco de Medeiros, para receber o dinheiro. Fred, como é conhecido, foi diretor da Cemig, nomeado por Aécio, e um dos coordenadores de sua campanha a presidente em 2014. O texto ainda afirma que quem levou o dinheiro a Fred foi o diretor de Relações Institucionais da JBS, Ricardo Saud, um dos sete delatores. Foram quatro entregas de R$ 500 mil cada uma. A Polícia Federal filmou uma delas.
No material que chegou às mãos de Fachin na semana passada, a PGR diz ter elementos para afirmar que o dinheiro não foi repassado a advogado algum. As filmagens da PF mostram que, após receber o dinheiro, Fred repassou, ainda em São Paulo, as malas para Mendherson Souza Lima, secretário parlamentar do senador Zeze Perrella (PMDB-MG).
Mendherson levou, de carro, a propina para Belo Horizonte. Fez três viagens, sempre seguido pela PF. O assessor negociou para que os recursos fossem parar na Tapera Participações Empreendimentos Agropecuários, de Gustavo Perrella, filho de Zeze Perrella. Não há, portanto, nenhuma indicação de que o dinheiro tenha ido para Toron.
Respostas
O senador Aécio Neves diz estar "absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos". Na nota, enviada pela assessoria de imprensa, ele diz que no que se refere à relação com o senhor Joesley Batista, ela era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público. O senador aguarda ter acesso ao conjunto das informações para prestar todos os esclarecimentos necessários.
Em nota, Zezé Perrella afirmou que "não conhece Wesley Batista e nunca teve contato com ele, nem mesmo por telefone, ou com qualquer outra pessoa do Grupo JBS". O senador disse que Menderson Souza Lima é seu Assessor Parlamentar, amigo de Fred Pacheco, primo do senador Aécio. Segundo Perrella, os sigilos bancários das referidas empresas em nome de seu filho estão à disposição da justiça.
"Recordo ainda que da tribuna do Senado há alguns meses atrás fiz um pronunciamento no qual coloquei que a JBS tinha financiado vários parlamentares do Congresso, e manifestei na ocasião a minha estranheza sobre o porquê destas doações. Portanto reafirmo que, nunca obtive qualquer importância desta empresa. Seja oficial ou extra oficial. E me coloco a disposição para qualquer outro esclarecimento", encerrou Zezé Perrella.
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