Decisões polêmicas do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, estão causando reações de desaprovação mundo afora e dentro do próprio país. Milhares de cientistas, além de grandes empresas de tecnologia dos EUA, como Apple, Facebook, Google e Twitter, uniram-se para boicotar os próximos encontros científicos no país, como sinal de protesto contra as políticas anti-imigratórias recentes de Trump. As informações são da agência de notícias italiana Ansa.
"Nós nos comprometemos a não participar de conferências cientificas nos Estados Unidos a que não possam ir todos [os convidados], independentemente da sua nacionalidade ou religião", diz nota publicada pela organização Science Undivided, que já recolheu assinaturas de apoio de mais de 350 cientistas. De acordo com a entidade, “o pensamento científico é uma herança comum da humanidade”.
De acordo com os manifestantes, a decisão de Trump de proibir a entrada de cidadãos do Irã, Iraque, da Líbia, Somália, do Sudão, da Síria e do Iêmen nos Estados Unidos "institucionaliza o racismo e cria um clima no qual as pessoas rotuladas como muçulmanas são expostas a uma escalada de desprezo e violência".
A União Astronômica Internacional fez uma petição online que já reuniu cerca de 6 mil assinaturas."Apelamos ao presidente [Trump] para que retire esta barreira à ciência e à colaboração internacional. A comunidade da astronomia se recusa ser dividida e os signatários afirmam que, por uma questão de consciência, não podem continuar a gozar de privilégios de que outros colegas, estudantes e professores estão arbitrariamente excluídos", diz o comunicado da União Astronômica.
Gigantes da web
As principais empresas norte-americanas de tecnologia da informação, como Apple, Facebook, Google e Microsoft, apresentaram um documento ao Tribunal de Recursos em São Francisco, na Califórnia, no qual se opõem ao decreto de Trump. Assinado por 97 companhias, inclusive Netflix, Twitter e Uber, o documento pede que a medida anti-imigratória de Trujmp seja anulada, e enfatiza a importância da imigração na economia dos EUA.
"Os imigrantes são responsáveis por muitas das maiores descobertas da nação e criaram algumas das empresas mais inovadoras e icônicas do país", diz o texto. Além disso, as companhias alertam para as consequências futuras da medida. "A instabilidade e a incerteza tornarão mais difícil e caro para as empresas norte-americanas contratar alguns dos melhores talentos mundiais, impedindo-as de competir no mercado global", enfatiza o documento.
As empresas e os trabalhadores "têm pouco incentivo para se sujeitar a processos complexos de obtenção de vistos e se mudarem para os Estados Unidos se as pessoas estão sujeitas a serem inesperadamente retidas nas fronteiras", ressaltaram as empresas.
A medida executiva de Trump decretando as restrições de entrada nos EUA, argumentando que é necessário impedir a entrada de terroristas radicais islâmicos, foi assinada no dia 27 de janeiro. A medida, no entanto, está sendo posta em xeque pela Justiça americana. O imbróglio judicial deve durar ainda pelos próximos dias, já que a administração de Trump está determinada a colocar o decreto em vigor.
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