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Promotor discorda de delegado e diz que vai denunciar cunhado de Ana Hickmann por homicídio

Francisco Santiago, que atua no 2º Tribunal do Júri, afirmou que está concluindo parecer que deve ser enviado ainda hoje à Justiça

Gustavo Henrique Bello alegou legítima defesa em depoimento e delegado concordou com a tese. Porém, Ministério Público pretende denunciar o cunhado de Ana Hickmann à Justiça ainda nesta quinta-feira (Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)
Gustavo Henrique Bello alegou legítima defesa em depoimento e delegado concordou com a tese. Porém, Ministério Público pretende denunciar o cunhado de Ana Hickmann à Justiça ainda nesta quinta-feira (Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)

O caso Ana Hickmann pode ter uma reviravolta na Justiça depois que o delegado Flávio Grossi, do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) da Polícia Civil, entendeu que o cunhado da apresentadora de televisão, Gustavo Henrique Bello, agiu em legítima defesa ao matar o autor de um atentado contra a modelo, Rodrigo Augusto de Pádua, de 30 anos. O promotor Francisco de Assis Santiago, que atua no 2º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, não teve o mesmo entendimento do delegado e deve encaminhar ainda hoje denúncia à Justiça pedindo abertura de um processo contra Gustavo pelo crime de homicídio.

“Ainda estou terminando a denúncia e devo encaminhar hoje”, se limitou a dizer o promotor, sem dar mais detalhes do teor do documento. Se a Justiça acatar a denúncia do promotor, Gustavo passará a ser réu pelo caso que aconteceu em maio no Hotel Caesar Business, no Bairro Belvedere, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Na ocasião, Rodrigo, apontado pela polícia como um fanático por Ana Hickmann, rendeu Gustavo e o obrigou a ir até o quarto onde estava a apresentadora. Ao chegar no local, ele encontrou Ana e a mulher de Gustavo, Giovana Alves de Oliveira, que também é assessora da modelo.

O advogado que representa Ana Hickmann e Gustavo, Maurício Bemfica, disse que o que aconteceu no hotel foi um caso de legítima defesa e ainda acredita que o Ministério Público vai tratar dessa forma. "Não tenho muito o que falar porque ainda não tenho ciência dessa situação. Se isso acontecer, nos pronunciaremos oficialmente", diz o advogado.

O Caso

As investigações apontaram que Rodrigo passou a ameaçar Ana com palavras duras e desconexas prometendo tirar a vida da apresentadora quando teve acesso ao quarto da apresentadora em 21 de maio. Ele chegou a disparar duas vezes em direção à cabeça da modelo, mas o tiro acabou acertando Giovana, que ficou 12 dias internada em razão das complicações de uma bala que perfurou seu intestino. Inicialmente, ela foi atendida no Hospital Biocor, no Bairro Vila da Serra, em Nova Lima, na Grande BH, mas depois foi transferida para São Paulo e concluiu os procedimentos médicos no Hospital Sírio Libanês.

No momento em que Rodrigo disparou, a Polícia Civil sustenta que Gustavo reagiu e foi para cima do atirador, tentando evitar que ele provocasse uma tragédia ainda maior. Os dois começaram a lutar e Gustavo conseguiu disparar três vezes ainda brigando pelo controle da arma. Os tiros acertaram Rodrigo, que acabou morrendo no quarto do hotel.

O delegado Flávio Grossi ouviu todos os envolvidos e diversas testemunhas, entendendo que Gustavo agiu em legítima defesa dele próprio e também de terceiros, concluindo pelo pedido de arquivamento do caso. Grossi chegou a dizer que os depoimentos eram muito claros no sentido de garantir esse desfecho para as investigações.

Depoimentos

No dia do crime, Ana Hickmann, Gustavo e o cabeleireiro contratado pela apresentadora foram ouvidos pela Polícia Civil. Três dias depois do crime, Giovana também foi ouvida, confirmando o depoimento das outras testemunhas. Ela acrescentou que, no momento em que Rodrigo disparou pela primeira vez, ela e Ana Hickmann estavam deitadas na cama, abraçadas.

Flávio Grossi chegou à conclusão que o atirador mirou a cabeça da modelo, mas como as duas estavam agarradas, acabou acertando a assessora. Nas investigações também constam o depoimento de um segurança do hotel e do irmão de Rodrigo, terminando a etapa de depoimentos.

Perícia

Um dos fatores que ajudaram nas investigações foi uma perícia feita tanto no celular quanto em um pen drive do autor do atentado. Foram encontradas 10.480 imagens e pesquisas feitas na internet, muitas com conteúdo erótico e também mensagens de amor direcionadas à apresentadora.

Entre os assuntos pesquisados por Rodrigo a polícia encontrou "hotel caesar business detector de metais" e "calibre 22 mata ou não?", o que indica o planejamento do atentado. Não foram encontrados indícios de que houve contato anterior entre Rodrigo e Ana, segundo apontaram as investigações.

A perícia feita no local do crime encontrou cinco munições especiais, com maior carga, no bolso de Rodrigo. A arma usada estava com a numeração raspada, o que impossibilitou a confirmação de sua procedência. O laudo também apontou que Gustavo Henrique Bello, cunhado de Ana, apresentou uma lesão em uma das mãos, indicando sinais de luta.

Evento de Moda

Ana Hickmann veio a Belo Horizonte em 21 de maio para participar de uma coleção autoral de roupas em um showroom do Bairro Belvedere, próximo do Hotel Caesar Business, onde ficou hospedada. Segundo a polícia, Rodrigo tentou participar do evento, mas não foi aceito, já que a festa era apenas para convidados. 

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