Câmara proíbe voto remoto de deputados que estiverem no exterior
Decisão ocorre após fuga de Alexandre Ramagem para os EUA; caso pode levar à perda de mandato
Brasília – A fuga do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) para os Estados Unidos levou o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a determinar que parlamentares não poderão mais registrar voto pelo sistema eletrônico da Casa quando estiverem no exterior. A única exceção será para missões oficiais previamente autorizadas.
A decisão, publicada no Diário Oficial da Câmara, acolhe integralmente parecer da Secretaria-Geral da Mesa. O documento afirma que não há amparo regimental para que deputados votem ou registrem presença de fora do país, mesmo com atestado médico.
“Não há possibilidade regimental de o Deputado Federal registrar presença ou votar por meio do aplicativo Infoleg enquanto estiver fora do território nacional, visto que não se encontra em missão oficial autorizada”, diz o parecer assinado pelo secretário-geral da Mesa, Lucas Ribeiro Almeida Júnior.
O episódio envolve diretamente Ramagem, que conseguiu votar de Miami no texto-base do PL Antifacção. O caso está sob análise da Câmara, que avalia se o voto deve ser anulado.
Condenação e perda de mandato
Ramagem foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 16 anos, um mês e 15 dias de prisão por participação na trama golpista que tentou anular o resultado das eleições de 2022. À época dos fatos, o parlamentar dirigia a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele nega as acusações.
Com o trânsito em julgado do processo, o ministro Alexandre de Moraes enviou ofício à Mesa Diretora determinando que a Câmara declare a perda do mandato do deputado. A execução da pena já foi autorizada.
O deputado está foragido em Miami. Ele havia sido proibido de deixar o país e teve seus passaportes retidos por ordem do ministro Alexandre de Moraes.
Após descobrirem a fuga, dirigentes da Câmara informaram que:
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Ramagem não comunicou sua saída do país;
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não recebeu autorização para missão oficial;
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apresentou atestados médicos cobrindo períodos entre 9 de setembro e 8 de outubro e 13 de outubro e 12 de dezembro.
O caso ampliou o debate interno sobre fiscalização, presença parlamentar e mecanismos de votação remota.
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