Brasil

EUA impõem restrições e ministro da Saúde Alexandre Padilha cancela viagem à ONU

Governo norte-americano limitou visto diplomático; Brasil acusa violação de acordo internacional

Alexandre Padilha
José Cruz/ABR. 

Brasília - O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, não integrará a comitiva brasileira que participará da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, na próxima semana. A decisão foi anunciada nesta sexta-feira (19) após o governo dos Estados Unidos impor restrições ao visto do ministro.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que a missão norte-americana junto à ONU comunicou a proibição de Padilha de participar presencialmente da reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Segundo o comunicado, o visto emitido pelos Estados Unidos permitiria apenas deslocamentos restritos entre o hotel e a sede da ONU, além de atendimentos médicos emergenciais. “A decisão viola o Acordo de Sede com a ONU e o direito do Brasil de apresentar suas propostas no mais importante fórum global de saúde para as Américas”, declarou a pasta.

O ministério também destacou que a medida “não se trata de uma retaliação pessoal ao ministro, mas ao que o Brasil representa na luta contra o negacionismo que retira o direito de crianças de se vacinarem e guia os retrocessos relacionados à saúde que a população norte-americana enfrenta”.

Com a restrição, Padilha permanecerá em Brasília, acompanhando a votação da Medida Provisória que institui o programa Agora Tem Especialistas no Congresso Nacional. As articulações brasileiras em Nova York e Washington, segundo o governo, serão mantidas pela equipe técnica da pasta.

Contexto

Em agosto, o presidente Donald Trump já havia determinado o cancelamento do visto da esposa e da filha de dez anos de Padilha. Na mesma semana, o Departamento de Estado revogou vistos de outros integrantes do governo brasileiro ligados ao programa Mais Médicos.

Entre eles, o secretário de Atenção Especializada à Saúde, Mozart Julio Tabosa Sales, e o ex-assessor de Relações Internacionais do ministério e atual coordenador-geral da COP30, Alberto Kleiman.

À época, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, justificou que os servidores teriam colaborado com um “esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano” por meio do Mais Médicos.

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