Economia

Mercado financeiro eleva previsão de inflação pela 19ª semana consecutiva

Estimativa do IPCA para 2025 sobe de 5,6% para 5,65%, ultrapassando o teto da meta estabelecida pelo Banco Central

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Tânia Rêgo / ABR - 

Brasília - O mercado financeiro brasileiro ajustou, pela 19ª semana consecutiva, suas projeções para a inflação oficial do país. De acordo com o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (24) pelo Banco Central, a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025 aumentou de 5,6% para 5,65%. Essa previsão supera o teto da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, situando o limite superior em 4,5%.

Para os anos subsequentes, as projeções também foram revisadas: para 2026, a expectativa subiu de 4,35% para 4,4%; para 2027, manteve-se em 4%; e, para 2028, a previsão é de 3,79%.

Em resposta à persistente pressão inflacionária, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou recentemente a taxa básica de juros, a Selic, em um ponto percentual, alcançando 13,25% ao ano. Essa decisão marca o quarto aumento consecutivo da taxa, refletindo os esforços da autoridade monetária para conter a inflação e reforçar sua credibilidade perante o mercado. Economistas apontam que, apesar das sucessivas elevações, a inflação permanece acima da meta oficial, o que pode exigir ações adicionais por parte do Banco Central. 

Além disso, o real brasileiro tem enfrentado significativa desvalorização, registrando uma queda de mais de 20% em 2024. Essa depreciação acentuada da moeda nacional contribui para o aumento dos preços de produtos importados, pressionando ainda mais a inflação interna. 

Em janeiro de 2025, o IPCA registrou uma alta de 0,16%, o menor índice para o mês desde 1994, influenciado principalmente pelo Bônus Itaipu, que proporcionou descontos na conta de luz para milhões de brasileiros. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação atingiu 4,56%.

Para 2025, a expectativa é que a Selic alcance 15% ao ano, com projeções de redução nos anos seguintes: 12,5% em 2026, 10,5% em 2027 e 10% em 2028. A elevação da taxa de juros visa conter a demanda aquecida, encarecendo o crédito e estimulando a poupança, o que pode refletir na desaceleração dos preços. Contudo, juros mais altos também podem dificultar a expansão econômica, tornando o crédito mais caro e desestimulando investimentos.

Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), a projeção de crescimento para 2025 manteve-se em 2,01%. Para 2026, a expectativa é de uma expansão de 1,7%, enquanto para 2027 e 2028, estima-se um crescimento de 2% em cada ano. No terceiro trimestre de 2024, o PIB brasileiro cresceu 0,9% em comparação com o trimestre anterior, acumulando uma alta de 3,3% de janeiro a setembro do ano passado.

No mercado cambial, a previsão é que o dólar encerre 2025 cotado a R$ 5,99, enquanto para o final de 2026, a estimativa é de R$ 6,00. A desvalorização do real frente ao dólar tem sido um fator adicional de pressão inflacionária, encarecendo produtos e insumos importados.

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