Rio de Janeiro - Na minha infância, as pessoas diziam que eu era engraçado. E eu acreditava. Vivia fazendo piadas.
Na escola, quando a professora fez a clássica pergunta: “O que você quer ser quando crescer?” Respondi: palhaço.
Na verdade, eu queria ser jornalista. Escrever humor em jornais, como Luis Fernando Veríssimo, Carlos Eduardo Novaes e Art Buchwald, meus ídolos.
Dos três, Art Buchwald, foi o primeiro que li. Devorei um livro seu chamado “O Filho da Grande Sociedade”, de 1961, que encontrei num sebo.
Não pretendia ser um Art Buchwald - seria muita pretensão -, mas foi lendo o Art que vi que queria ser escritor. Comecei “chupando” seus textos. Copiava descaradamente seu estilo. O humor americano é diferente do brasileiro mas o riso é universal.
Mark Twain já considerava que ‘a única arma realmente eficiente que a humanidade tem a seu dispor é o riso’.
Arthur Buchwald foi um humorista norte-americano que ficou célebre por sua coluna no "The Washington Post".
Sua coluna focava na sátira política, e servia como expressão para as suas opiniões. Recebeu o Prémio Pulitzer de 1982. Em 1986 foi eleito para a "American Academy and Institute of Arts and Letters".
O escritor nasceu numa família de judeus alemães, filho de Joseph Buchwald e de Helen Buchwald, que acabou por passar 35 anos num hospital psiquiátrico e raramente viu o filho.
Ele teve três irmãs: Alice, Edith e Doris. Quando os negócios da família faliram como consequência da grande depressão, o pai de Buchwald internou-o no "Hebrew Orphan Asylum", em Nova York.
Durante a Segunda Guerra Mundial quis alistar-se na marinha dos Estados Unidos, mas era demasiado novo para fazê-lo. Subornou então um alcoólico, com whisky, para que este assinasse como seu representante legal.
Em 1948 foi para Paris. Conseguiu trabalhos eventuais como correspondente da revista ‘Variety’, em Paris. Em janeiro de 1949, passou a escrever uma coluna para a edição europeia do New York Herald Tribune, intitulada "Paris After Dark".
Buchwald, em 1951, iniciou uma outra coluna: "Mostly About People". Na edição de 24 de Agosto de 1959, a revista ‘Time’, ao rever a história da edição europeia do ‘New York Herald Tribune’, considerou a coluna de "qualidade institucional".
Nesta época, em Paris, conheceu e entrevistou Elvis Presley, no Prince de Galles Hotel. A entrevista foi incluída no seu livro "I'll always have Paris".
Ainda nessa época, surgiram os rumores de que Buchwald tivera um breve caso amoroso com Marilyn Monroe. Acredita-se que Buchwald introduziu Marilyn ao Judaísmo (ao qual ela se converteu mais tarde). Marilyn foi a base para uma personagem da novela "A Gift From The Boys", publicada em 1958.
Buchwald voltou aos Estados Unidos da América em 1962. Sua coluna apareceu em mais de 550 jornais no seu auge e publicou mais de 30 livros ao longo da vida.
Em fevereiro de 2006 recorreu, ele próprio, a um hospital de Washington, D.C. devido à falência renal de que era vítima. Em Julho deste ano teve alta e voltou para a sua casa de verão, onde escreveu um livro sobre os cinco meses que passou no hospital: "Too Soon to Say Goodbye".
Buchwald faleceu em 2006, aos 81 anos, por insuficiência renal na residência de seu filho, Joel, em Washington.
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