Carta golpista da Defesa ao TSE ecoa em forte resistência nas redes sociais; veja repercussão
‘Golpista’ porque as Forças Armadas não foram constituídas para interferir em eleições, não são um poder da República, e tampouco podem reclamar ‘falta de prestígio’ por parte do Judiciário
O ministro da Defesa, Paulo Sergio Nogueira, encaminhou nessa sexta-feira (10) um documento ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, no qual cobra que as propostas feitas pelas Forças Armadas para o sistema eleitoral sejam atendidas.
"Até o momento, as Forças Armadas não se sentem devidamente prestigiadas por atenderem ao honroso convite do TSE para integrar a Comissão de Transparência", afirmou o titular da pasta. "A todos nós não interessa concluir o pleito eleitoral sob a sombra da desconfiança dos eleitores. Eleições transparentes são questões de soberania nacional e de respeito aos eleitores", continuou.
"Destaca-se que, por se tratar de uma eleição eletrônica, os meios de fiscalização devem se atualizar continuamente, exigindo pessoal especializado em segurança cibernética e de dados. Não basta, portanto, a participação de 'observadores visuais', nacionais e estrangeiros, do processo eleitoral", acrescentou.
O documento do ministro ao TSE foi uma iniciativa alinhada com o discurso de Jair Bolsonaro (PL), que tem defendido a atuação das Forças Armadas na checagem do resultado das eleições, um posicionamento visto por oposicionistas como tentativa de golpe.
Em maio, o TSE concluiu testes em urnas eletrônicas e informou que investigadores não conseguiram alterar voto, mudar o resultado da urna ou fraudar o processo eleitoral.
Na terça-feira (31) da semana passada, Fachin pediu que a comunidade internacional "esteja alerta contra acusações levianas" sobre o sistema eleitoral brasileiro.
Também no mês de maio, o presidente do TSE afirmou que o processo eleitoral tem de ser acompanhado por "forças desarmadas". (com Brasil 247)
LEIA AQUI A ÍNTEGRA DA CARTA GOLPISTA DO MINISTRO DA DEFESA
A RESPOSTA DO TSE
"A Secretaria de Comunicação e Multimídia informa que o TSE recebeu nesta sexta-feira (10), às 17h37, um ofício do Ministério da Defesa com considerações sobre o sistema eletrônico de votação. Esclarecemos que o TSE analisará todo o conteúdo remetido, realçando desde logo que todas as contribuições sempre são bem-vindas e que preza pelo diálogo institucional que prestigie os valores republicanos e a legalidade constitucional.
O TSE adianta que o modelo UE 2020 conta com módulo criptográfico com certificação do ICP-Brasil, o que significa que a urna possui características de segurança superiores ao estabelecido pelo Manual de Condutas Técnicas definido pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), o qual define os requisitos mínimos para um dispositivo criptográfico.
Para tal certificação, conforme regras definidas pelo ITI, a nova urna foi submetida um laboratório credenciado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, depois, certificada pela entidade NCC Certificações. Em tal avaliação foram verificados os circuitos, códigos-fonte e demais características do dispositivo de segurança da urna. Tudo isso demonstra que o novo modelo é ainda mais seguro do que os anteriores.
Cabe reforçar que o software desenvolvido pela Justiça Eleitoral é o mesmo, sendo utilizado em todas as urnas utilizadas na eleição, cujos modelos anteriores foram submetidos a testes públicos de segurança sem nenhum tipo de comprometimento ou ataque bem-sucedido ao sistema.
Além disso, relembre-se que, a qualquer tempo, é permitido aos partidos políticos fiscalizar todas as fases do processo de votação e apuração das eleições, bem como o processamento eletrônico da totalização dos resultados, conforme previsto pela Lei nº 9.504/1997, conhecida como Lei das Eleições. Para este ano, os procedimentos de fiscalização e auditoria do sistema eletrônico de votação estão previstos na Resolução TSE nº 23.673/2021.
O Tribunal tem levado a efeito reuniões periódicas da Comissão de Transparência Eleitoral, estando convocada desde o mês passado nova reunião para 20 de junho corrente.
O TSE, conforme tem reafirmado o presidente Edson Fachin, tem trabalhado de forma incessante para garantir eleições limpas, justas e seguras, em que o desejo da população, expresso por meio do voto, seja respeitado e cumprido dentro do Estado Democrático de Direito. A Justiça Eleitoral está preparada para conduzir as eleições de 2022 com paz e segurança."
A REPERCUSSÃO NAS REDES SOCIAIS
Na Democracia, o processo eleitoral é conduzido pela Justiça eleitoral. Diante da iminente derrota, Bolsonaro move as forças armadas e ameaça a Democracia. Não passarão! Na segunda convocaremos o Ministro da Defesa para prestar explicações ao Senado. https://t.co/PQ5XIgUpiC
— Randolfe Rodrigues (@randolfeap) June 11, 2022
As Forças Armadas nunca entenderam nada de eleição. Nada, zero. Quando se metem no processo democrático é para pôr fim a ele. Pensam que enganam quem com esse papinho constrangedor de “honra militar”?
— Sérgio Rodrigues (@sergiotodoprosa) June 11, 2022
BRASIL: Diante da notícia que as Forças Armadas se sentem desprestigiadas e cobram auditoria e testes de urnas… é necessário inundar as redes sociais com essa explicação do professor Daniel Souza.
— Renan Brites Peixoto (@RenanPeixoto_) June 10, 2022
NÃO SÃO PODER MODERADOR
pic.twitter.com/JZCYuy3whz
Não importa quantas notas oficiais, ordens do dia e considerações sejam divulgadas, as Forças armadas têm atribuições muito específicas e claras na Democracia. Não são um quarto poder e devem respeitar e cumprir o que está na Constituição.#ditaduranuncamais
— Marcelo Lins (@MarceloLins68) June 10, 2022
Waack: Não cabe às Forças Armadas cuidar de eleições #WW pic.twitter.com/b62rbuxQnM
— CNN Brasil (@CNNBrasil) June 11, 2022
FONTE: JORNAL DO BRASIL
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