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PMs mataram irmão de Freixo

Marcelo Freixo, que presidiu CPI das Milícias e chegou a deixar o Brasil após ser ameaçado de morte, disse que a conclusão do inquérito da morte do irmão chegou muito tarde.
Marcelo Freixo, que presidiu CPI das Milícias e chegou a deixar o Brasil após ser ameaçado de morte, disse que a conclusão do inquérito da morte do irmão chegou muito tarde. (Foto Valter Campanato)

O inquérito policial que concluiu a investigação do assassinato de Renato Ribeiro Freixo, irmão do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), já está na alçada do Ministério Público do Rio de Janeiro. O crime ocorreu há 14 anos, em junho de 2006, no bairro de Piratininga, Região Oceânica do Município de Niterói, no Rio de Janeiro. O ex-PM Fábio Montibelo, indiciado como o executor do crime, foi presidente da escola de samba Porto da Pedra e é candidato a vereador no Município de São Gonçalo. E os PMs Marcelo dos Reis Freitas e Alexandre Ramos, apelidado de “Bacalhau”, são relacionados no inquérito como os mandantes do assassinato.

O inquérito policial concluiu que os dois PMs que mandaram assassinar Renato Freixo trabalhavam como seguranças onde o irmão do deputado era síndico.do condomínio residencial, no qual residia. E a motivação do crime foi a demissão dos policiais militares por “não serem legalizados para exercer a função”. No processo de investigação, os policiais ouviram dezenas de testemunhas e fizeram buscas e apreensões de material, além de ter conseguido quebras de sigilo bancário que contribuíram para chegar aos autores do assassinato.

Segundo disse Marcelo Freixo, que presidiu a CPI das Milícias, quando deputado estadual, “meu irmão foi uma pessoa brutalmente assassinada aos 34 anos; deixou duas filhas pequenas e uma família completamente dilacerada. Foi uma pessoa que só fez o bem e, 14 anos depois, a gente recebe a informação de que o inquérito foi concluído. É muito tarde. É difícil dizer qual o sentimento que temos nesse momento. A gente aguarda Justiça e não vingança, que é isso que nos diferencia desta brutalidade toda que tomou conta do Rio de Janeiro”.

Marcelo Freixo, depois da conclusão dos trabalhos da CPI das Milícias na ALERJ, teve que se exilar do Brasil devido ameaça de morte. O trabalho executado pelo parlamento é considerado um marco na luta contra o crime organizado e sua articulação com o poder público. No relatório final foram indiciados 225 políticos, policiais militares, agentes penitenciários, bombeiros e civis. E foram apresentadas 58 propostas concretas para enfrentamento das milícias. O relatório chegou às mãos do então ministro da Justiça e Segurança Pública, o ex-juiz Sérgio Moro, mas até os dias de hoje não mereceu a devida atenção do presidente Jair Messias Bolsonaro.

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