Brasil

Quadrilha de São Paulo aplica golpes em todo o país

Aposentados correntistas da Caixa, que têm crédito consignado com a instituição, são os principais alvos

Matéria atualizada em 14/10/2019 - 11h14

Evitar assaltos e golpes aplicados por bandidos nas ruas não é tarefa fácil, mas o impossível mesmo é se livrar dos golpes aplicados por quadrilhas que tem em sua posse todas as informações fornecidas aos bancos nos dados cadastrais e sua movimentação financeira.

Uma quadrilha de São Paulo está aplicando golpes e tirando o sossego, principalmente dos aposentados, em todo o país. O golpe se inicia com um telefonema para a possível vítima que é induzida a confirmar os dados que eles já têm em sua posse. Durante a conversa a golpista, que a cada telefonema se identifica por um nome diferente, começa a falar os dados pessoais da vítima, tais como nome completo, CPF, endereço, nome dos pais, e até informações mais sigilosas como valores de empréstimos contratados, número e valor das parcelas, etc., sempre pedindo à vítima para ir confirmando se estão corretos. O objetivo nesse primeiro momento é ganhar a confiança da vítima, que acaba baixando a guarda ao ver que a pessoa do outro lado da linha já tem todos os seus dados sigilosos, que na teoria deveriam estar restritos a funcionários do banco onde a pessoa é correntista. Uma vez que ganhou a confiança, a golpista diz a sua possível vítima que no valor da parcela do empréstimo, há uma cobrança embutida de R$ 57,00 referente a um seguro e que precisa da confirmação de alguns dados para que possa enviar o contrato, garantindo que não haverá nenhuma cobrança extra e que nada muda no valor das parcelas que já estão sendo descontadas do aposentado porque nessas parcelas já estaria incluído este valor do seguro, desde a primeira parcela já paga ao banco. Em seguida a golpista diz: “Esta mensagem está sendo gravada. Confirme o seu nome completo. Vou falar o seu CPF e você somente confirme se está correto ou não”. Em seguida repete o endereço da vítima para confirmar se está correto e aí é que vem o golpe. O golpista então repete o valor de R$ 57,00 para a parcela do seguro e o idoso confirma que está correta. Daí a pessoa da um nome falso, agradece a atenção e o golpe está consolidado.

Neste caso denunciado ao O Folha de Minas, a vítima G.D.S ainda não sabe qual será o seu prejuízo. Ela acredita que eles vão tentar inserir algum desconto no seu pagamento neste valor de R$57,00. Segundo G.D.S, só se deu conta de que tinha sido vítima de um golpe quando pegou o número do telefone que havia originado a ligação e foi pesquisar sobre ele na internet, quando descobriu que contra esse número haviam centenas de reclamações em vários sites. De posse do número (11)4151-5500 fornecido pela vítima, fizemos também uma pesquisa e descobrimos que este telefone é um fixo da operadora Vivo registrado na cidade Santana de Parnaíba-SP e que contra ele há todos os tipos de reclamação, de todas as regiões do país, de vítimas que foram induzidas por eles e tiveram cartões bancários clonados, saques em suas contas, dentre outros golpes.

A vítima que nos fez esta denúncia lembrou que esses golpistas vêm agindo há tempos e que aplicam os seus golpes “na barba da justiça” sem serem importunados. Disse também que fez contato com outras vítimas que foram roubadas por esta quadrilha e ficaram no prejuízo, lembrando que se a Justiça quisesse, já teria colocado todos na cadeia. G.D.S citou o episódio dos hacker’s que gravaram as conhecidas mensagens de autoridades brasileiras e repassaram para o site The Intercept. “Estes bandidos estão aplicando golpes e só estão soltos porque estão mexendo com pobres coitados, aposentados como eu”, desabafou. “Se tivessem mexido com os graúdos, já estariam presos. Não prenderam os que hackearam os telefones da turma da Lava Jato? Esses eram muito mais difíceis porque ninguém sabia onde estavam, diferente destes que estão dando o tombo em nós, que tem telefone fixo. É só uma autoridade pedir a operadora a localização que encontra na hora”, concluiu.

 

ATUALIZAÇÃO

Nesta segunda-feira (14) fizemos contato com a Delegacia de Polícia Civil de Santana de Parnaíba para falar sobre os golpes que partem daquela cidade. Na primeira tentativa, ligamos no número (11)4154-2999 e a pessoa que nos atendeu se identificou como Liadson. Quando falamos sobre a reportagem que estava sendo feita a respeito dessas denúncias de golpes, o atendente disse que não sabia do que se tratava e informou um novo número, que seria do Plantão.

Na segunda tentativa, ligamos para o número informado (11)4154-5053 e dessa vez fomos atendidos pelo servidor Almir que também disse não saber do que se tratava e que essas  informações deveriam ser fornecidas em outro setor, se prontificando em nos passar um novo número. A princípio, o servidor informou o mesmo número que já havíamos tentado, e quando informado disso forneceu então um terceiro número.

Terceira tentativa, ligamos no (11)4154-2253 e desta vez o servidor que atendeu a nossa reportagem não quis se identificar. Quando perguntado com quem estávamos falando, o atendente respondeu com outra pergunta: com quem queríamos falar. Novamente, tentamos explicar que se tratava de uma apuração de denúncia de golpes originados de Santana de Parnaíba, mas fomos interrompidos pelo atendente que disse que iria transferir a ligação, sem no entanto idenficar para qual setor seria transferida a chamada. 

Nossa reportagem aguardou na linha por um bom tempo, mas a chamada transferida não foi atendida. Portanto, a Delegancia Civil de Santana de Parnaíba não atendeu nossa reportagem para falar sobre o golpe que parte daquele município.

Veja abaixo algumas das reclamações registradas pelas vítimas

montagem de reclamações de golpes
Reclamações registradas por vítimas. (foto montagem)
Reclamações registradas por vítimas. (foto montagem)

 

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