Vitor Belfort crava aposentadoria após próxima luta: \"É muito sacrificante\"
Aos 39 anos, lutador admite que corpo não é mais o mesmo de antes e não aguenta mais rigores do treino, porém, pede por \"divisão das lendas\" para estender carreira
Após quase 21 anos de carreira, 20 desde seu primeiro título no Ultimate, Vitor Belfort admitiu na madrugada de domingo que chegou o momento de pendurar as luvas. O lendário lutador brasileiro, campeão do GP dos pesos-pesados em 1997 e da divisão dos meio-pesados em 2004, anunciou após sua derrota para Kelvin Gastelum no UFC Fortaleza que sua próxima luta, última em seu contrato com a organização, será também a última de sua vitoriosa carreira.
"Chegou minha hora de encerrar meu capítulo como lutador profissional. Meu corpo já não é a mesma coisa para o treinamento, é muita dor. São mais de 14 cirurgias que eu já tive. Deixei tudo no octógono, fiquei triste de não dar a vitória para meus compatriotas, mas faz parte. Fazer treinamento para cinco rounds é muito sacrificante no corpo. Eu estava muito bem, mas ele conectou uns golpes muito bons, foi a noite dele hoje" declarou Belfort, visivelmente emocionado e com o rosto bastante machucado, na coletiva de imprensa pós-luta.
O veterano, que completa 40 anos no próximo dia 1º de abril, mantém ainda uma esperança de que o UFC possa abrir uma "divisão das lendas" do MMA, o que poderia estender sua carreira - ele afirmou que já tem um projeto pronto para a realização da empreitada, incluindo regras diferenciadas como a proibição de joelhadas e cotoveladas, luvas maiores, rounds mais curtos e tempo de descanso de 1m30s entre os assaltos. No entanto, admite que competir com lutadores muito mais jovens como Gastelum, 14 anos mais novo, sob as regras unificadas do MMA, exige um nível de treinamento que seu corpo não suporta mais.
"(A aposentadoria) Já era algo decidido, só não tinha anunciado ainda. Reitero a ideia que eu dei, dessa categoria das lendas, não só a gente daria muito mais conteúdo para vocês e para os fãs, mas traria muita gente de volta, com luvas novas, tempos de round reduzido, acho que vocês poderiam presenciar algo muito gratificante. A gente sente saudades de muita gente competindo. Mas cinco rounds, toda essa juventude, é muito sacrificante no corpo. Da minha era, não vejo mais ninguém em ação. Tenho certeza, se essa liga dentro do UFC fosse criada, seria uma coisa que ia revolucionar o mercado do MMA, e vocês poderiam ver um pouquinho mais de Vitor Belfort" disse.
Apesar da admissão de que seu corpo não aguenta mais o ritmo do treino, Belfort garantiu que estava confiante no resultado dos treinamentos e se sentia bem para o combate contra Gastelum. Todavia, considerou que não soube escolher as melhores oportunidades para atacar.
"Eu fui inexperiente. Fiz muita coisa no primeiro round, estava muito afoito, estava com sede de vitória. Até quando levantei no primeiro knockdown, fui muito impaciente. Faltou paciência, e a luta acabou rápido. O pensamento é positivo. A gente sai de hoje de cabeça erguida, que a gente foi e deu nosso melhor, mas é motivo de orgulho tudo o que eu fiz pelo esporte, e o homem não pode ser julgado só pelas derrotas, ele tem que ser julgado como um todo. Eu fui lá e lutei como um guerreiro. Quando eu estava lá recebendo os golpes no chão, pensei, "Isso não é real", mas isso é a vida. Minhas derrotas foram para grandes campeões, essa galera jovem é muito talentosa e tenho que reconhecer, eles merecem" analisou.
Vitor Belfort declarou ainda no octógono que gostaria de fazer a última luta da carreira no Rio de Janeiro, sua cidade natal, no card programado para a HSBC Arena em 3 de junho. Ele rejeitou a ideia de fazer uma revanche contra Anderson Silva no evento e deixou como única exigência não enfrentar nenhum compatriota.
"Na minha cabeça, não tem nenhum nome, só não gostaria que fosse com brasileiro aqui no Brasil. A gente tem que sentar com o UFC e ver o que seria uma luta interessante. Nunca fui de negar luta, sempre enfrentei os melhores, mas nessa última luta gostaria de fazer uma luta especial para os fãs" encerrou Belfort.
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