Brasil

PGR reforça pedido de condenação de militares por plano para sequestrar e matar Moraes e Lula

Paulo Gonet apresentou mensagens e documentos que apontam preparação para atentados e tentativa de golpe após derrota de Bolsonaro em 2022

Victor Piemonte/STF. 

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu nesta terça-feira (11) a condenação dos dez integrantes do núcleo 3 da trama golpista que tentou manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022. Segundo o Ministério Público, o grupo chegou a planejar o sequestro e a morte do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), além do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e do vice Geraldo Alckmin.

Gonet afirmou que as investigações “escancaram a declarada disposição homicida e brutal da organização criminosa”. Ele exibiu mensagens trocadas entre os réus nas quais há menções diretas à ideia de “matar” adversários políticos.

O procurador também destacou que a Polícia Federal apreendeu registros de duas operações supostamente articuladas pelo grupo — o plano Punhal Verde e Amarelo e a operação Copa 2022 — com detalhes sobre ações de vigilância e rotas de execução. As provas incluem rastreamento de veículos e celulares usados para monitorar Moraes entre novembro e dezembro de 2022.

O núcleo 3 é composto por nove militares do Exército e um policial federal, conhecidos como “kids-pretos”, ligados a forças especiais da corporação. A acusação aponta que eles tentaram pressionar os comandos das Forças Armadas a aderirem ao golpe.

São réus:

  • Bernardo Romão Correa Netto (coronel)

  • Estevam Theophilo (general)

  • Fabrício Moreira de Bastos (coronel)

  • Hélio Ferreira Lima (tenente-coronel)

  • Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel)

  • Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel)

  • Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel)

  • Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel)

  • Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel)

  • Wladimir Matos Soares (policial federal)

Para um dos réus, o tenente-coronel Ronald Araújo Júnior, o Ministério Público pediu a desclassificação da acusação para o crime de incitação das Forças Armadas contra os poderes constitucionais, o que pode permitir um acordo para evitar condenação.

Os réus respondem por organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

O julgamento, iniciado nesta terça-feira na Primeira Turma do STF, está previsto para se estender pelas sessões dos dias 12, 18 e 19 de novembro. A turma é composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia.

Até o momento, o Supremo já condenou 15 réus em outros núcleos da mesma investigação — sete do grupo 4 e oito do núcleo 1, liderado por Jair Bolsonaro, que recebeu pena de 27 anos e três meses de prisão. O julgamento do núcleo 2 está previsto para começar em 9 de dezembro.

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