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Pastor ligado ao prefeito afastado de Sorocaba é preso pela PF em operação sobre desvios na saúde

Investigação aponta que Josivaldo Batista teria usado igreja para ocultar recursos desviados de contratos públicos; prefeito Rodrigo Manga nega envolvimento

A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (6) o pastor Josivaldo Batista, líder da igreja Templo Glória e Renovo de Deus, durante a segunda fase da Operação Copia e Cola, que investiga um esquema de corrupção, peculato, fraude em licitações e lavagem de dinheiro relacionado a contratos da área da saúde da Prefeitura de Sorocaba (SP).

O religioso é concunhado do prefeito afastado Rodrigo Manga (Republicanos), também alvo da investigação, e marido da pastora Simone de Souza, irmã da primeira-dama Sirlange Frate Maganhato. Além do parentesco com o gestor, Josivaldo é apontado como sócio do apóstolo Valdemiro Santiago, fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus, o que ampliou a repercussão do caso entre lideranças religiosas.

Dinheiro apreendido e suspeita de lavagem

Durante a primeira fase da operação, realizada em abril, os agentes da PF encontraram R$ 863 mil em dinheiro vivo em um imóvel ligado ao casal. A quantia não tinha origem comprovada e chamou a atenção dos investigadores, que também identificaram movimentações bancárias incompatíveis com a renda declarada e transferências feitas por meio da igreja Templo Glória e Renovo de Deus, que possui duas sedes na capital paulista.

Josivaldo Batista e a esposa Simone de Souza.  | Facebook. 

De acordo com a investigação, parte dos valores desviados de contratos emergenciais e convênios da Secretaria de Saúde teria sido repassada a empresas e contas controladas pelo casal, apresentadas formalmente como atividades religiosas ou missionárias.

Prefeito afastado reage nas redes sociais

A Justiça Federal determinou o afastamento de Rodrigo Manga por 180 dias, como medida preventiva para evitar interferência no andamento das apurações. O vice-prefeito Fernando Costa Neto (PSD) assumiu temporariamente o comando do Executivo municipal.

Em vídeo publicado nas redes sociais, Manga afirmou ser vítima de perseguição política e disse que a operação teria relação com o lançamento de sua pré-candidatura à Presidência da República. “Não vou desistir de Sorocaba”, declarou o prefeito afastado, acrescentando que foi “avisado” por dirigentes do Republicanos sobre possíveis resistências internas e externas ao partido.

Pouco depois da prisão, o perfil da pastora Simone de Souza publicou uma mensagem no Instagram com a frase:

“As tempestades vêm para todos, mas aqueles que caminham de mãos dadas, guiados pela Palavra e sustentados pela oração, permanecem firmes.”

A postagem, acompanhada de uma foto do casal, não fez menção direta à prisão, mas foi interpretada como uma manifestação sobre o episódio.

Denúncia originou a investigação

O vereador Raul Marcelo (PSOL) afirmou ter sido o autor da denúncia que deu origem ao inquérito federal, encaminhado ao Ministério Público Federal. Em nota, o parlamentar disse que solicitou o afastamento e a prisão de Manga para “impedir interferências políticas” nas investigações.

Segundo ele, o caso envolve recursos públicos desviados de hospitais e unidades básicas de saúde, enquanto parte da população enfrenta falta de atendimento e insumos médicos.

A Polícia Federal confirmou que novas diligências estão em andamento para identificar empresas e pessoas físicas que teriam se beneficiado do esquema por meio de contratos emergenciais superfaturados. Igrejas e organizações sem fins lucrativos também são investigadas por possível uso indevido em operações financeiras.

A Operação Copia e Cola segue em curso e deverá ter novas fases nos próximos meses, conforme o avanço das análises de documentos e movimentações bancárias.

 

*Com informações da Revista Forum

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