Cultura e Entretenimento

“O Agente Secreto” estreia em 730 cinemas e marca nova fase do cinema brasileiro

Filme de Kleber Mendonça Filho chega às telas como favorito ao Oscar e celebra a força da produção nacional

Foto: Victor Jucá | Divulgação. 

Belo Horizonte – O cinema brasileiro ganha novo fôlego com a estreia de O Agente Secreto, longa-metragem do pernambucano Kleber Mendonça Filho, que chega nesta quinta-feira (6) a mais de 730 cinemas e 1.400 salas, em 370 cidades brasileiras. O lançamento acontece de forma simultânea em Portugal e na Alemanha, ampliando o alcance internacional de uma das produções mais aguardadas do ano.

O filme já percorreu mais de 50 festivais internacionais e conquistou 20 prêmios, entre eles os de Melhor Direção e Melhor Ator (Wagner Moura) no Festival de Cannes. Representante do Brasil na disputa pelo Oscar 2026 na categoria Melhor Filme Internacional, o longa mergulha na atmosfera política e social de 1977, período de repressão e incertezas durante a ditadura militar.

Um retrato sensorial da década de 1970

A narrativa começa com uma provocação: “Um ano de muita birra”, frase que anuncia o tom reflexivo e contestador da obra. Com fotografia precisa e trilha sonora marcante, O Agente Secreto recria o Brasil da época com detalhes cotidianos — o barulho do orelhão, o ronco do fusca, o calor empoeirado das ruas.

A música, elemento essencial na filmografia de Mendonça, ganha papel central. Em entrevista à Agência Brasil, o diretor revelou que duas faixas do disco Paêbirú, de Zé Ramalho e Lula Côrtes, inspiraram o roteiro.

“Eu já escrevi o roteiro com duas músicas desse disco — ‘Harpa dos Áries’ e ‘Trilha de Sumé’. Elas são muito impactantes, quase como se o próprio vinil respirasse dentro do filme”, contou Mendonça. “É um prazer muito grande poder usar as músicas que amo, agora com orçamento para isso.”

O diretor também anunciou o lançamento de um vinil duplo com a trilha sonora e de um livro com o roteiro completo, pela editora Record, sob o selo Amacor.

Foto: Victor Jucá | Divulgação. 

Wagner Moura e o peso da atuação

No papel de Marcelo, um professor de tecnologia que tenta recomeçar a vida no Recife após um passado violento, Wagner Moura entrega uma das atuações mais elogiadas do ano. O ator, vencedor de Cannes por esse trabalho, é um dos cotados ao Oscar de Melhor Ator 2026.

“Quando li o roteiro, senti uma conexão imediata com o texto que eu mesmo vinha escrevendo para o teatro. O Agente Secreto fala de moral, verdade, poder e medo — tudo o que também me move na cena”, disse Moura durante a Mostra de Cinema de São Paulo.

Ele também está em cartaz com o espetáculo “Um Julgamento: Depois do Inimigo do Povo”, parceria com Christiane Jatahy, inspirada na obra de Henrik Ibsen.

Representatividade e emoção no elenco

A atriz Tânia Maria dá vida a Dona Sebastiana, personagem que acolhe refugiados no Recife e simboliza a generosidade e resistência do povo brasileiro. Sua atuação foi destacada por veículos internacionais como Variety e The Hollywood Reporter, que a apontam como possível indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante.

Alice Carvalho, que também integra o elenco, destacou a importância da representatividade nas telas.

“O público brasileiro desvela outros sentidos do filme. A gente sente o impacto de ver os nossos sotaques, rostos e histórias nas telas. Isso é o Brasil que existe e que quer se ver representado.”

Um filme brasileiro para o mundo

Além de ser um dos maiores lançamentos do cinema nacional dos últimos anos, O Agente Secreto será exibido em mais de 90 países, incluindo China, México, Índia e Coreia do Sul. Para Kleber Mendonça Filho, o momento simboliza uma conquista coletiva.

“É um período muito intenso de viagens e trabalho. Tenho recebido o reconhecimento de diretores que me inspiraram, como Spike Lee. Mas o mais importante é poder exibir O Agente Secreto para todo o Brasil e para o mundo.”

 

*Com informações da Agência Brasil

Comentários