Coluna

INDULTO OU INSULTO

Bolsonar e Daniel (Foto: Divulgação)

Rio - Se tem um órgão do Governo Federal que trabalha - e muito - é o Departamento de Recuos e Desmentidos (DRD).

Ligado à Secretaria de Comunicação Institucional, antiga Secretaria de Comunicação - SECOM - o DRD funciona numa salinha nos fundos do Palácio do Planalto, ao lado do gabinete do ódio, sob o comando do secretário especial Flávio Augusto Viana Rocha.

Todo mundo sabe que uma das funções mais importantes no governo, hoje em dia, é a de recuar e desmentir as histórias do capitão e de sua prole.

Se o presidente ficar adulterando fatos, desmentindo e fraudando todo tipo de informação, daqui a pouco ninguém mais vai acreditar nas suas declarações.

Quando o secretário especial entrou no gabinete do presidente, Jair Bolsonaro estava relendo o indulto.

O secretário bateu na porta:

- Me chamou, presidente?

- Chamei sim, taokey. Eu quero que você publique no Diário Oficial, de hoje, este indulto.

- Indulto? Aquele decreto que liberta os bandidos no final do ano? Mas ainda estamos longe do Natal, presidente…

- Que Natal, idiota!? …

Como todos já devem saber, a notícia do dia foi a concessão, pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro, de um indulto ao deputado federal Daniel da Silveira, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) há oito anos e nove meses de reclusão - inicialmente, em regime fechado - à perda do mandato de deputado federal e à suspensão dos direitos eleitorais.

Essa decisão do capitão - que representa, claramente, desvio de finalidade, inconstitucionalidade, e, claro, crime de responsabilidade - causou um tremendo impacto nos eleitores brasileiros, não só entre os que apoiam o presidente, mas também entre os que são contra.

- Presidente, a imprensa toda está acusando o senhor de mais uma vez criar uma cortina de fumaça para esconder os verdadeiros problemas do país, veja: “Estamos todos discutindo Jair Bolsonaro e seu decreto e não o preço dos combustíveis; o preço dos alimentos; a rachadinha; o assasinato da vereadora Marielle; os escândalos do MEC; os pastores corruptos; os ônibus superfaturados; o sobrepreço dos kit de robótica; a corrupção na compra das vacinas… - disse o secretário, apontando para o jornal na TV.

- PA-TI-FA-RIA!!! - gritou o capitão. - Nesta ‘cuestão’ daí eu só estou defendendo um aliado leal. Um inocente que está sendo linchado por este STF.

- Mas, presidente, até o seu ministro ‘terrivelmente evangélico’ no STF, votou contra o deputado.

- Terrivelmente traidor! Isto sim, taokey!

- Presidente, o deputado Daniel é investigado por venda ilegal de anabolizantes; em 4 anos como PM foi preso por 80 dias e acumulou 70 punições por indisciplina; quebrou a placa em homenagem a vereadora Marielle Franco; é investigado no inquerito das fake news no STF; participou de atos pró-ditadura; insultou ministros do STF; disseminou fake new sobre as vacinas; é defensor do AI-5; da volta da ditadura militar e de atos de tortura… Por quê o senhor ainda quer defender esse sujeito?

- Eu vos digo-lhe: Quem tem *c, tem medo.

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