Mês passado estive em Belo Horizonte para lançar o meu livro. Me considero íntima dessa cidade, onde já estive diversas vezes com alguns espetáculos, e agora, como escritora.
Com tal intimidade adquirida, decido aqui, chamá-la pelo apelido de Beaga, tão fofo como um bom pão de queijo local. Mas, no meu último dia na cidade, dispensei o pão de queijo e fui almoçar num Bistrô muito charmoso e aconchegante que fica dentro de um Centro Cultural.
No cardápio do lado de fora, iluminado por duas velas, me chamou atenção um prato bastante, digamos, refinado: Tiras de mignon acompanhado de arroz com queijo gruyere cobertas com cogumelos flambados. Me dei de presente!
Entrei e fiz o pedido ao simpático garçom, que logo me disse: - Hoje é aniversário do Bistrô, estamos oferecendo uma taça de champagne aos nossos clientes.
- Nossa, então eu vim no dia certo, uai.... (Mentira, eu não falei esse uai, isso é só pra dar um clima da terrinha).
Antes de me acomodar na mesa próxima a um belo piano, perguntei onde ficava o banheiro, e o mesmo garçom me respondeu:
- Ah, fica lá fora, em frente à lata do lixo!
Nesse momento, todo ambiente requintado, as tiras de mignon, o queijo gruyere e as borbulhas de champagne desmoronaram no meu pensamento.
Bem, fui ao banheiro em frente à tal lata de lixo e aquela orientação dada pelo garçom não me saía da cabeça!
Almoço finalizado: - A conta, por favor!
Antes do garçom me trazer a conta, virei para ele e disse:
- Querido, vamos criar uma frase mais adequada para você indicar aos clientes onde fica o banheiro? Eu te ajudo. Que tal: “Fica do lado de fora, à esquerda, antes do próximo restaurante”?
Rindo, ele me responde:
- Sabe o que é? Já tentei várias maneiras de dizer onde fica o banheiro, mas os clientes nunca entendiam. Quando passei a dizer que ficava em frente à lata de lixo, todos começaram a entender. Aí, deixei assim...
- Ok, abre outra conta pra mim e traga mais uma taça de champagne (Pedi ao garçom bem humorado)
Entre um gole e outro daquela bebida deliciosa, naquele Bistrô charmoso e sentada em frente de um lindo piano de cauda, conclui que naquela tarde em Beaga eu fui do luxo ao lixo, sem medo de ser feliz e com duas taças de champagne na mão. Até porque, relembrando Rita Lee, “ Não quero luxo nem lixo, quero saúde pra gozar no final” .
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