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Marina Silva deixa audiência no Senado após ofensas de Plínio Valério: “Estão agredindo um povo”

Ministra do Meio Ambiente abandonou sessão após ser atacada verbalmente; episódio gerou reação de parlamentares e reacendeu críticas a declarações misóginas

marina silva
Lula Marques / ABR - 


Brasília - A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, deixou uma audiência pública na Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado nesta terça-feira (27), após ser ofendida pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM). O episódio aconteceu durante um debate sobre a criação de quatro unidades de conservação marítimas no Amapá.

Convidada para discutir políticas ambientais, Marina foi atacada por Plínio Valério após o senador afirmar:

"Estou falando com a ministra e não com a mulher, porque a mulher merece respeito, a ministra, não."

A fala gerou imediata reação da ministra, que afirmou que estava presente como titular da pasta ambiental e que não poderia permanecer diante de tamanho desrespeito.

"Eu não poderia ter outra atitude, mas eu dei a chance dele me pedir desculpas", declarou Marina ao se retirar da sessão.
"Eles pensam que estão agredindo uma pessoa. Estão agredindo um povo."

Antes de encerrar a audiência, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) saiu em defesa da ministra:

"O debate político pode ser caloroso [...], agora, manifestação de desrespeito é inaceitável."

Histórico de ofensas

Essa não é a primeira vez que Plínio Valério se refere de forma ofensiva à ministra. Em 2023, durante um evento no Amazonas, o senador declarou:

"Imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la."

As declarações de Plínio têm sido classificadas como misóginas e antidemocráticas por entidades de defesa dos direitos humanos e parlamentares da oposição.

Críticas ao licenciamento ambiental

Além do ataque verbal, Marina Silva também foi criticada pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), que a responsabilizou pelo andamento do Projeto de Lei 2.159/2021, que altera as regras do licenciamento ambiental. Segundo Aziz, a ministra teria se mostrado “intransigente” nas negociações:

"Se essa coisa [o PL] não andar, a senhora também terá responsabilidade [...]. Nós iremos agilizar", declarou Aziz.
Marina respondeu: "Quem tem mandato vota pelas convicções que tem, não porque alguém o obrigou a fazer alguma coisa."

A ministra encerrou sua participação afirmando que o licenciamento ambiental é uma conquista histórica:

"Nesse momento, só o povo brasileiro pode evitar esse desmonte que está sendo proposto."

Reações e desdobramentos

O episódio gerou reações nas redes sociais, com hashtags como #RespeitaMarina e #MisoginiaNoSenado entre os assuntos mais comentados. Deputadas e senadoras de diferentes partidos se manifestaram em solidariedade à ministra e cobraram providências da Mesa Diretora do Senado.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso. Parlamentares do PSOL, PT, Rede e PCdoB pedem que o Conselho de Ética avalie a conduta do senador Plínio Valério.

A audiência que discutia temas estratégicos como a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, o Projeto de Lei do Licenciamento Ambiental e a extensão da BR-319 foi encerrada sem conclusão após a saída da ministra e de sua equipe.

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