Coluna

SOBRE O MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA

São Paulo - Ontem, voltei ao Memorial da América Latina, onde, a partir de 17 de outubro, o público que visitar o local poderá conferir a exposição “Entre Linhas e Momentos: 35 anos de Memorial”.

Com a curadoria do cartunista JAL, cinquenta artistas visuais de diversos países da América Latina interpretam a trajetória da Fundação.

Icônico por seu projeto arquitetônico do modernista Oscar Niemeyer e pelo legado cultural de Darcy Ribeiro, o Memorial da América Latina é um importante complexo cultural da cidade de São Paulo. Fundado em 1989, o conjunto arquitetônico - um monumento à integração cultural, política, econômica e social da América Latina - completa 35 anos em grande estilo.

Situado no bairro da Barra Funda. O complexo é constituído por vários edifícios dispostos ao longo de duas áreas unidas por uma passarela, que somam ao todo 25 210 metros quadrados de área construída: o Salão de Atos, a Biblioteca Latino-Americana, a Galeria Marta Traba, o Pavilhão da Criatividade, o Anexo dos Congressistas e o Auditório Simón Bolívar.

Na Praça Cívica, encontra-se a escultura em concreto, também de Niemeyer, representando uma mão aberta, em posição vertical, com o mapa da América Latina pintado em vermelho na palma, simbolizando uma mancha de sangue, em referência aos episódios turbulentos do passado e aos problemas sociais da região.

DIVULGAÇÃO - 

É um emblema deste continente colonizado brutalmente e até hoje em luta por sua identidade e autonomia cultural, política e socioeconômica. A escultura é em concreto aparente, com baixo-relevo com pintura em esmalte sintético, possui sete metros de altura e se localiza na Praça Cívica.

A Praça Cívica, também conhecida como Praça do Sol, é uma grande área aberta e inteiramente pavimentada, unindo os edifícios da Biblioteca Latino-Americana, do Salão de Atos e da Galeria Marta Traba, destinada a sediar manifestações culturais diversas, como festas típicas dos países latino-americanos e de regiões do Brasil, concertos, shows populares, oficinas, etc.

Possui 12 000 m2 de área e capacidade para até 15 mil pessoas. Também se localizam na praça o Centro de Recepção de Turistas e algumas obras de arte. A praça é interligada ao espaço aberto localizado do outro lado da Avenida Auro Soares de Moura Andrade por meio de uma passarela. Este segundo espaço recebeu o nome de Praça da Sombra, em função das 160 palmeiras jerivá que lá foram plantadas.

O Memorial possui um acervo permanente de obras de arte, exibidas ao longo da esplanada e nos espaços internos, e conta com um centro de documentação de arte popular latino-americana. A biblioteca possui cerca de 30 mil volumes, além de seção de música e imagens. O complexo promove exposições, palestras, debates, sessões de vídeo, espetáculos de teatro, música e dança. Mantém o Centro Brasileiro de Estudos da América Latina, organização de fomento a pesquisas acadêmicas sobre assuntos latino-americanos. Publica regularmente a revista Nossa América e livros variados. Serviu de sede ao Parlamento Latino-Americano entre 1989 e 2007 (atualmente localizado na cidade do Panamá).

A ideia de criar uma instituição na cidade de São Paulo devotada ao aperfeiçoamento das relações políticas, sociais, econômicas e culturais latino-americanas remonta ao governo de André Franco Montoro, em meados da década de 1980, em um contexto cultural marcado por avanços democráticos no continente e por uma maior convergência de interesses entre o Brasil e países da América Latina.

A construção efetiva do Memorial e a idealização de seu programa cultural, no entanto, só seria iniciada durante o governo de Orestes Quércia, que pretendia erguer em São Paulo “o mais importante centro cultural do continente latino-americano”. Para esse fim, Quércia incumbiu o arquiteto Oscar Niemeyer de projetar um complexo monumental, a ser construído em um terreno público de aproximadamente 90.000 metros quadrados no bairro da Barra Funda.

Niemeyer concebeu um complexo composto de seis edifícios espalhados por duas praças unidas por uma passarela: a biblioteca, o Salão de Atos, o restaurante (atual Galeria Marta Traba), o Pavilhão da Criatividade, o auditório e o centro de estudos. Posteriormente, seria adicionado o edifício-sede do Parlamento Latino-Americano. O arquiteto previu o complexo como uma “ilha arquitetônica”, com formas alvas e arrojadas, que servisse também à reabilitação do tecido urbano no entorno. A temática lhe agradava, como declararia posteriormente:

Por sugestão de Niemeyer, o antropólogo Darcy Ribeiro foi convidado a elaborar o projeto cultural para o memorial, colaborando também na definição dos elementos necessários ao complexo arquitetônico.

Para compor o acervo de arte popular latino-americana da instituição, Darcy Ribeiro criou, ainda em 1988, um grupo de trabalho formado pela fotógrafa Maureen Bisilliat, por seu marido Jacques Bisilliat, especialista em arte popular, e pelo arquiteto Antônio Marcos da Silva, responsável pela coleta dos itens em viagens efetuadas ao México, Guatemala, Equador, Peru e Paraguai. Maureen posteriormente assumiria o cargo de curadora do Pavilhão da Criatividade, onde as peças passaram a ser expostas.

As obras do memorial foram iniciadas em outubro de 1987, envolvendo mais de mil trabalhadores e utilizando cerca de 2 200 toneladas de aço. A inauguração ocorreu em 18 de março de 1989. Em 8 de julho deste mesmo ano, Orestes Quércia sancionou a Lei n.º 6 472, instituindo a Fundação Memorial da América Latina, conferindo ao equipamento recém-criado status de órgão administrativa e financeiramente autônomo.

Nos primeiros anos de funcionamento, o Memorial da América Latina ganharia visibilidade pelos eventos direcionados a públicos abrangentes, sobretudo espetáculos gratuitos de música que reuniam milhares de pessoas. Estão inclusos nessa relação, entre outros, nomes como Mercedes Sosa, Astor Piazzolla, Libertad Lamarque, Caetano Veloso e Tom Jobim. Outros eventos artísticos de relevo no período foram as apresentações do Balé Nacional de Cuba, da Orquestra Filarmônica de Israel (sob a regência de Zubin Mehta) e da Orquestra Jazz Sinfônica. No campo das artes visuais, o Memorial sediou importantes mostras, como as retrospectivas de Johann Moritz Rugendas, Fernando Botero e Oswaldo Guayasamín, além de uma exposição dedicada ao escritor e fotógrafo Juan Rulfo.

O Memorial também buscou fomentar a produção cultural própria, criando a revista Nova América, destinada a difundir manifestações artísticas e culturais do continente e promover o intercâmbio das comunidades acadêmicas, intelectuais e artísticas. Lançada em 1989, a revista atualmente possui periodicidade trimestral e tiragem de 3 000 exemplares, distribuídos para bibliotecas públicas e universidades latino-americanas e espanholas e também comercializada em alguns pontos de São Paulo.

Na condição de sede do Parlamento Latino-Americano e por meio das atividades desenvolvidas em torno do projeto "Presidentes da América Latina", instituído em 2006, o Memorial recepcionou importantes autoridades do mundo político e intelectual, desde embaixadores e cônsules a chefes de estado. Estiveram presentes neste espaço, entre outros, Mikhail Gorbachev, Bill Clinton, Fidel Castro, Mário Soares, Eduardo Duhalde, César Gaviria, Hugo Chávez, Papa Bento XVI e os mandatários brasileiros Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

* Fonte: Wikipédia.
 

Ediel Ribeiro (RJ)

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Coluna do Ediel

Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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