Rio de Janeiro - Ontem, 7 de novembro, foi o Dia Internacional da Preguiça. Deveria ser, também, o dia do cartunista.
Sim, porque não há profissão no mundo em que os profissionais sejam mais taxados de preguiçosos, do que a de cartunista.
Quando alguém pergunta a um cartunista em que ele trabalha, e ouve a resposta: eu desenho quadrinhos!
Em seguida, vem sempre o questionamento: e trabalho? Qual o seu trabalho?
Mas, porra, desenhar quadrinhos é um trabalho duro, espinhoso, mal remunerado, depreciado, desconsiderado e subavaliado!
Ninguém considera desenhar um trabalho. É, antes, uma diversão, dizem.
Às pessoas, frequentemente, confundem emprego com trabalho. Emprego é fonte de renda. Trabalho é fonte de vida.
O cartunista, normalmente, trabalha mais que os outros. Quantas vezes você já virou a noite desenhando? Sem ganhar horas extras. Sem férias ou décimo terceiro. Nós, às vezes, levamos o dia todo pra fazer uma tira, um cartum, uma charge. Envolve responsabilidade, ética e comprometimento. Mas nem por isso tem que deixar de ser prazeroso.
Aliás, cartunista é uma profissão que nunca faz greve. Você nunca ouviu falar em greve de cartunista. Se a gente parar de trabalhar, ninguém nota que a gente começou.
Não existe felicidade no emprego. A felicidade está no trabalho. Naquilo que você ama fazer. Como disse Confúcio: “Escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um único dia em sua vida”.
Ontem, fui em uma reunião de preguiçosos.
No Dia Internacional da Preguiça, um bando de cartunistas deixou o trabalho de lado para ir até a Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, homenagear o ‘preguiçoso’ Paulo Caruso, que, enfim, parou de trabalhar.
Mas, até lá, eles trabalhavam. Davam autógrafos, entrevistas e desenhavam.
O cartunista é uma profissão em que se ganha pouco, mas se diverte. Foi uma alegria conhecer novos amigos e rever antigos mestres do traço. Que prazer estar ao lado dos grandes, literalmente, Baptistão e Manga. Os caras, cujo único defeito é serem grandes demais - deveria ser proibido alguém crescer tanto assim - são gente boa pra cacete!
Que bem faz desfrutar da companhia dos veteranos Chico Caruso, Jal, Fausto, Alcy, Gonzalo Cárcamo, Santiago. Beber da fonte desses mestres.
Melhor ainda é acompanhar a trajetória dos jovens e talentosos Jean, Eder, Dalcio e Luciano Veronezi. Veronezi que, por sinal, hoje ocupa o lugar que foi, por mais de 36 anos, do Paulo Caruso, no Programa Roda Viva, na TV Cultura.
Paro por aqui. Deu preguiça.
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