Coluna

O EGO DOS TÉCNICOS

Escrevi este texto depois da saída de Jorge Jesus do Flamengo. De lá pra cá, nada mudou. Só o CPF dos técnicos. Sampaoli, o atual treinero, já dirigiu o time em 30 partidas e até agora não conseguiu montar um time titular. Mudou a escalação 30 vezes. Tá mais perdido que filho de puta em festa do dia dos pais.

Jorge Sampaoli (Foto: Divulgação)

Rio de Janeiro - O grande problema dos técnicos é o ego.

Dos brasileiros e dos estrangeiros.

O novo técnico do Flamengo, Domènec Torrent, é prova disso.

O “Dome”, que é como o espanhol prefere ser chamado, já sofreu duas derrotas em dois jogos dirigindo o rubro-negro.

Pior, jogando mal.

Os dirigentes alegam que o treinador teve pouco tempo para treinar. Concordo. Mas, então, porque não manter o “time do Jorge Jesus”? O time já está encaixado. Joga por música.

Não mantém, por causa do ego.

Se Dome obtiver sucesso com o “Flamengo de Jesus”, vão dar os créditos ao treinador português, não a ele.

E isso o Dome não quer. Ele prefere jogar com o time dele. Ainda que o time dele seja pior que o Flamengo de Jorge Jesus.

O melhor momento do Flamengo, até agora, nas mãos do Dome, foi o primeiro tempo contra o Atlético Mineiro. Com o "time do Jorge Jesus". Merecia ter saído na frente do Galo. Goleando, até.

No segundo tempo, ele quis inventar. Mudar o time. Botar em campo o “seu” Flamengo, com cinco atacantes. Deu no que deu.

Contra o Atlético Goianiense, então, ele exagerou.

Modificou todo aquele Flamengo do Jesus, que  jogava com uma zaga tradicional, laterais ofensivos, muita movimentação a partir do meio de campo, liberdade para os jogadores trocarem de posição, volantes que surgiam de surpresa para concluir a gol.

Everton Ribeiro e Arrascaeta, articulando, criando situações com toques curtos, dribles, nas linhas defensivas adversárias abrindo espaços para a penetração dos companheiros, para as conclusões. 

Na frente, Gabigol e Bruno Henrique sempre próximos, buscando tabelas, infiltrações, chutes a gol. 

O time se recompunha rápido, logo que o Flamengo perdia a bola.

Esse time não entrou em campo contra o Atlético Goianiense.

Dome mudou todo o time. Barrou o Rafinha. Inventou o Rodrigo Caio como lateral direito. Jogou com quatro zagueiros. Barrou o Arrascaeta e entrou com o limitado Vitinho. Mudou o Bruno Henrique de lado. Botou o Éverton Ribeiro para jogar por dentro, onde, sabidamente, ele rende menos.

Dome quer provar que já é um treinador pronto e não o  eterno auxiliar do Pep Guardiola.

Montou o “seu” Flamengo para enfrentar o Atlético Goianiense. Só que o Flamengo do Dome é outro Flamengo. Bem diferente do Flamengo de Jorge Jesus.

Diferente e pior.

Ediel Ribeiro (RJ)

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Coluna do Ediel

Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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