Rio de Janeiro - Lendo “Paris é uma Festa”, o livro póstumo de Ernest Hemingway, sobre a boemia dos anos 20 na Cidade Luz; uma frase dita pelo escritor no Lilas - bar parisiense frequentado por Hemingway - ao amigo e poeta Evan Shipman me chamou a atenção.
Disse, Hemingway: “Tenho meditado muito sobre Dostoiévski, ultimamente. Como é possível alguém escrever tão mal, tão incrivelmente mal, e ainda assim comunicar tanta emoção a quem o lê?”.
Sem entender o motivo do desprezo de Hemingway pela escrita de Fiódor Dostoiévski e como eu ainda não tinha lido nada relevante do escritor russo - exceto, talvez, algumas páginas de “Crime e Castigo” -, resolvi ler “Noites Brancas”, uma de suas novelas.
O livrinho de capa azul que a Sheila comprou em uma de nossas viagens é a última escrita antes da prisão e do período de exílio do escritor na Sibéria.
O cenário é uma iluminada noite de primavera em São Petersburgo, capital do Império Russo no século 19 e um dos temas preferidos de Dostoiévski.
A bela e misteriosa cidade é palco de um fenômeno natural conhecido como "noites brancas", que ocorre quando, durante quatro dias no verão, a noite não escurece.
E é justamente numa dessas noites que um jovem sonhador e solitário que perambulava pela cidade conhece Nástienka, uma melancólica jovem de coração partido.
A partir deste encontro, os personagens desenvolvem uma conexão arrebatadora. Tomado por uma louca paixão, o homem vê na jovem o amor que tanto procurava e a esperança de viver com ela os dias mais felizes de sua vida. Entretanto, a vida parecia que tinha outros planos.
Fiódor Dostoiévski, o autor, nasceu em Moscou em 1821, e estreou na literatura com o romance ‘Gente Pobre’, em 1846, ao qual se seguiram ‘O Duplo’ (1846) e ‘Noites Brancas’ (1847), entre outros.
Após ser preso e condenado à morte pelo regime tsarista em 1849, teve sua pena comutada para quatro anos de trabalhos forçados na Sibéria, experiência retratada em ‘Escritos da Casa Morta’, livro que começou a ser publicado em 1860, um ano antes de ‘Humilhados e Ofendidos’.
Após esse período, escreve ‘Memórias do Subsolo’ (1864), ‘Um Jogador’ (1867), O Eterno Marido’ (1870) e uma sequência de grandes romances, “Crime e Castigo’ (1866), ‘O Idiota’ (1869), ‘Os Demônios (1872) e ‘O Adolescente’ (1875).
De 1873 até o ano de sua morte editou a revista ‘Diário de um Escritor’, na qual publicava contos, artigos sobre política, peças jornalísticas, de ficção e crítica literária.
No dia 8 de novembro de 1880, em São Petersburgo, terminou de escrever ‘Os Irmãos Karamázov’.
Reconhecido como um dos maiores autores de todos os tempos, Dostoiévski morreu em São Petersburgo, em fevereiro de 1881.
Comentários