Rio - É impressão minha ou se multiplicaram as séries de TV na Netflix?
Confesso, não sou muito fã de séries. Geralmente, só a primeira temporada é boa. A partir daí fica repetitiva e enfadonha.
E alguns casos, o tema até daria um bom filme, mas os produtores preferem fazer uma longa série com várias temporadas. Aí perdem a mão.
Coitado do público!
Por que eles não fazem um filme curto e bom ao invés de uma série longa e maçante? Das duas uma: ou o diretor pensa que seu filme é uma obra prima e vai prender o espectador até o final, o que explica as 300 temporadas; ou ele sabe que seu filme é uma porcaria sem interesse e, ainda assim ele pretenda te prender em frente a ele na esperança que lá pela temporada 75 a coisa melhore.
Mas nem toda série é uma perda de tempo. Há exceções. Principalmente entre os documentários.
A série documental americana “Faz de Conta que NY é uma Cidade”, dirigida por Martin Scorsese e estrelada pela Fran Lebowitz, é uma delas.
Vale a pena se acomodar como se estivesse em um multiplex - sem, claro, aqueles enormes baldes de pipocas de cheiro forte e vendidos a peso de ouro - e curtir as 7 temporadas.
Aliás, se tiver comprado um balde de pipoca já é mais ou menos como se estivesse produzido a série. Dois deles pagam o cachê da Fran Lebowitz.
O documentário é divertidíssimo, inteligente, viciante, onde a entrevistada tem histórias fantásticas a contar desde que chegou à cidade em 1969.
Seguimos a escritora e humorista Fran Lebowitz, uma leitora voraz antes de tudo, em passeios pela Big Apple e conversas com o cineasta na cafeteria de um clube local.
Fran que nasceu e cresceu em New Jersey conta como com 19 anos e apenas duzentos dólares dados pelo pai, chegou a Nova York e teve que encarar alguns trabalhos para se manter: foi faxineira e chofer de táxi.
Aos 21, já era redatora de resenhas de livros e filmes em uma pequena revista, depois foi ser colunista na revista Interview, convidada por Andy Warhol. No final da década de 1970, ela estreou como escritora, publicou quatro livros e tem outros inacabados; a partir de 2001 passa a ser roteirista de séries de TV e de filmes.
O mais interessante é a sua relação com Nova York, de amor e ódio, quando critica os prédios modernos construídos ultimamente, o desaparecimento das livrarias e das bancas de jornais, o alto custo de vida da cidade, a sujeira e as obras dos metrôs, a invasão e a falta de educação dos turistas e por aí vai.
Mas para Fran é impossível viver em outro lugar do planeta, então ela diz que ganha dinheiro fora para gastar em Nova York .
No final, você há de concordar, vale a pena assistir e se divertir com esta mente brilhante e com as gargalhadas de Scorsese.
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