Rio de Janeiro - Se tem um órgão do Governo Federal que trabalha - e muito - é o Departamento de Recuos e Desmentidos (DRD).
Ligado à Secretaria de Comunicação - SECOM - o DRD funciona numa salinha nos fundos do Palácio do Planalto, sob o comando do secretário especial Fabio Wajngarten.
Todo mundo sabe que uma das funções mais importantes no governo, hoje em dia, é a de recuar e desmentir as histórias do capitão e de sua prole.
Se o presidente ficar adulterando fatos, desmentindo e fraudando todo tipo de informação, daqui a pouco ninguém mais vai acreditar nas suas declarações.
Não é segredo para ninguém que o presidente tem feito tudo o que pode para dar boas notícias a nação; mas as notícias das últimas semanas não são exatamente boas:
O presidente Jair Bolsonaro tinha acabado de vestir o quimono quando o secretário Fabio Wajngarten bateu na porta do seu escritório, no Palácio do Planalto.
- Vai praticar artes marciais, presidente? - perguntou o secretário.
- Estou treinando para dar uma ‘voadora’ no pescoço de quem praticar corrupção no meu governo.
O secretário deu um risinho sarcástico, por trás da máscara.
- É bom praticar mesmo! Vai precisar.
- O que você está insinuando? No meu governo não tem corrupção!!
- Menos, presidente! Menos! A Polícia Federal fez uma busca na casa do seu amigo Chico Rodrigues, durante uma operação nesta quarta-feira, e encontrou entre as nádegas do vice-líder do seu governo no Senado, mais de 30 mil reais que foram desviados do dinheiro público que deveria ser usado para combater a pandemia de Covid-19, em Roraima. Na casa, foram encontrados mais de 100 mil reais.
- Chico? Que Chico? Nunca ouvi falar! Isso não tem nada a ver com o meu governo, talkey?
- O senador de Roraima é vice-líder do seu governo e seu amigo de mais de vinte anos. O senhor chegou a dizer que tinha com ele quase uma ‘união estável’.
- Ah! O Chico? Ele é do meu governo? Sabia, não! Só falta essa ‘imprensa marronzista’ agora querer ligar ele ao meu governo!
O secretário coçou a cabeça, impressionado com o cinismo do presidente.
- Ele é próximo da sua família. Inclusive ele emprega no gabinete dele um primo dos seus filhos…
- Isso é problema dele. No meu governo, não! Zero corrupção no meu governo.
- Além do caso do dinheiro na cueca, presidente, a imprensa está dando grande destaque ao caso dos seus dois filhos suspeitos de peculato; dos dois líderes do seu governo investigados por corrupção ativa; do ministro condenado por improbidade; dos dois ministros sub judice e cobra explicação do dinheiro que foi depositado na conta da primeira dama pelo Queiroz.
- Vou dar uma ‘voadora’ em quem indicou o senador para vice-líder do meu governo.
- Foi o senhor.
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