Pelo menos quatro pessoas ficaram feridas no confronto entre militantes contrários e pró ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os grupos protestaram em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste paulistana, onde Lula deveria depor hoje (17). Dois manifestantes solidários ao ex-presidente foram atingidos por pedras lançadas pelo outro grupo, e um terceiro levou cassetadas da Polícia Militar. O líder o movimento Revoltados Online, Marcelo Reis, foi agredido por militantes favoráveis ao ex-presidente.
Reis ficou com o olho roxo devido aos socos recebidos enquanto defendia um boneco inflável que retrata Lula em roupas de presidiário, conhecido como Pixuleco. A tentativa de inflar o boneco foi encarada como uma provocação pelos militantes favoráveis ao petista. Um pequeno grupo conseguiu driblar as barreiras feitas pela Polícia Militar e rasgar o inflável. Após a confusão, que foi apartada pela polícia, os dois grupos começaram a se dispersar.
Os protestos em frente ao fórum começaram no final da manhã, horário em que o ex-presidente deveria prestar declarações. Em número muito maior, militantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outros movimentos sociais usaram um carro de som para proferir discursos críticos às investigações contra o ex-presidente e à atuação dos meios de comunicação. O clima era tenso, com provocações de ambos os lados.
Apesar do tumulto, o coordenador estadual da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, fez uma avaliação positiva do ato. “Fora a descarada proteção da Polícia Militar aos coxinhas, aos fascistas, o saldo foi positivo. Primeiro, que nós viemos para cá com a notícia de que o presidente Lula não ia depor, já foi uma vitória. E depois, nós reunimos uma quantidade de pessoas significativa, mesmo sabendo que o Lula não vinha aqui”, analisou.
A manifestação serviu ainda, segundo Bonfim, para mostrar que existe uma forte articulação de defesa do ex-presidente. “Aqui é uma demonstração de que toda vez que intimarem ou convocarem o presidente Lula, nessa tentativa de criminalização, haverá reação popular”.
Lula e sua mulher Marisa Letícia prestariam declarações sobre o apartamento triplex, no Condomínio Solaris, no Guarujá. A suspeita do Ministério Público Federal é de que houve tentativa de ocultar a identidade do dono do triplex, que seria do ex-presidente, o que pode caracterizar crime de lavagem de dinheiro.
O depoimento foi suspenso por uma decisão do Conselho Nacional do Ministério Público em atendimento a uma representação do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). O parlamentar acusa o promotor Cássio Cesarino de ter feito um prejulgamento de sua decisão ao dar entrevista a uma revista de circulação nacional antes mesmo de ouvir os depoimentos.
Após o anúncio da suspensão do depoimento, o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Marco Elias Rosa, divulgou uma nota de apoio aos promotores que investigam Lula. “Salienta a Procuradoria-Geral de Justiça, desde já, que confia nos acertos da atuação de seus membros, que contam com o irrestrito apoio desta Procuradoria-Geral de Justiça para defesa de suas prerrogativas”, diz o comunicado.
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