Diretores da Abin prestam depoimento à PF sobre suposta espionagem ilegal
Investigação apura uso indevido da agência para monitoramento de autoridades durante o governo Bolsonaro

Brasília - O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, e o ex-diretor adjunto Alessandro Moretti prestaram depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (17), em Brasília. As oitivas, que duraram cerca de cinco horas, fazem parte da investigação sobre o suposto uso ilegal da Abin para monitorar autoridades públicas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A investigação, que corre sob segredo de Justiça, apura a existência de uma estrutura paralela dentro da Abin, composta por policiais e delegados cedidos à agência, que teriam formado uma organização criminosa para executar ações de espionagem sem respaldo legal.
Um dos focos da apuração é o monitoramento de autoridades paraguaias envolvidas nas negociações do contrato de energia da usina hidrelétrica de Itaipu. Segundo informações, a espionagem teria ocorrido entre junho de 2022 e março de 2023, abrangendo o final do governo Bolsonaro e o início da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Após a divulgação do caso, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil negou qualquer envolvimento do atual governo com a espionagem ao Paraguai. Em nota, o Itamaraty afirmou que a operação foi autorizada em junho de 2022 e encerrada em março de 2023, antes da posse do atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, que assumiu o cargo em 29 de maio de 2023.
A investigação também busca esclarecer se houve interferência da atual direção da Abin nas apurações do esquema ilegal.
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