Porto Alegre - Depois de tomar umas cervejas no Tutty Giorni - o bar dos cartunistas de Porto Alegre -, fomos, eu e a Sheila, ao lançamento da revista “ReTRUCO”, do cartunista gaúcho Rafael Corrêa.
A revista, traz - além da participação de vários cartunistas gaúchos - várias páginas da história em quadrinhos “Memórias de um esclerosado”, a saga do cartunista contra a esclerose múltipla.
Rafael começou a contar sua história com a doença, no Facebook, em 2015, logo depois que descobriu que estava com a esclerose.
Em “Memórias de um esclerosado”, Rafael Corrêa conta em detalhes a sua luta contra a doença crônica.
Com doses iguais de desalento e bom humor, a história em quadrinhos do autor gaúcho faz sucesso desde 2015 no Facebook e no Tumbir.
Na história dos quadrinhos, traços autobiográficos já rendera m boas histórias. Pensando nisso, cinco anos depois de ser diagnosticado com esclerose múltipla, Rafael Corrêa pôs no papel sua experiência com a doença.
Mesmo com as limitações que a doença lhe impõe - canhoto, teve que aprender a desenhar com a mão direita, já que a enfermidade atingiu, principalmente, o lado esquerdo do corpo - o artista nunca pensou em parar de desenhar.
“Observando a luta diária contra a doença, percebi que tinha uma grande história nas mãos e que poderia transformá-la em quadrinhos autobiográficos.
Um dos autores que me influenciaram para essa série foi o francês David B. autor do livro “Epilético”, onde ele narra a saga de seu irmão, que sofre de epilepsia”, conta o autor.
A idéia inicial de Rafael era publicar um livro. Mas por conta das limitações da doença, teve que adiar o projeto. Já com bastante material produzido, decidiu, por sugestão de uma amigo, iniciar uma série na internet.
Em julho de 2015, abriu uma página no Facebook e no Tumbir. O sucesso foi imediato. Só no Facebook, a página que continua no ar, já teve mais de 50 mil visualizações.
Entre os fãs do projeto, muita gente que também tem a doença. Quando Rafael começou a contar sua história nas redes sociais, os leitores imediatamente se identificaram e começaram a contar que passaram por situações semelhantes. Estima-se que, atualmente, existam mais de 40 mil pessoas com esclerose múltipla no Brasil.
Rafael recebeu a notícia que tinha um distúrbio crônico do sistema nervoso central aos 32 anos. Conforme o tempo foi passando, o cartunista começou a ter dificuldades para executar funções básicas, como caminhar e falar. Depois de usar uma bengala, hoje Rafael precisa de uma cadeira de rodas para se locomover.
Além das dificuldades com a locomoção, o que mais atrapalhar o artista é o fato de não conseguir mais desenhar por muito tempo seguido. “Trabalho meia hora, descanso bastante, para depois retornar. Não tenho como desenhar o dia todo, como fazia antes. Eu tive que aprender a desenhar de uma maneira diferente, segurar o lápis com a mão esquerda e respeitar o corpo”, diz.
Mesmo com todas as limitações, Rafael Corrêa é um dos cartunistas mais produtivos do país. Além de participar de salões de humor, o cartunista criou páginas na internet e publicou diversos livros e revistas nos últimos anos.
A doença de Rafael era como um fantasma lhe assombrando. Desenhá-la foi uma forma de exorcizá-la.
Aceitá-la.
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