Rio - A inveja é uma merda.
Desde que Jorge Jesus chegou ao Brasil e mudou - para melhor - o futebol brasileiro, os treinadores brasileiros não se aguentam de ciúmes.
Li, nos jornais que, no Rio, dizem, já existe até um movimento de treinadores sendo formado para impedir que outros treinadores estrangeiros venham trabalhar no país.
Os treinadores se reúnem, às quintas-feiras, numa salinha nos fundos da Federação Carioca de Futebol. Nem todos, porque alguns são poupados para a reunião da próxima semana.
Algumas regras estão sendo criadas para que os estrangeiros trabalhem por aqui. Entre elas:
- - Exigência do diploma de treinador concedido por uma Federação Européia.
- - Exigência de diploma de treinador concedido por uma Federação Brasileira, exceto as localizadas nos Estados dirigidos pelo PT.
- - Os candidatos devem falar fluentemente o Português e o Tupi Guarani.
- - Os candidatos só podem receber metade do salário dos treinadores brasileiros.
Quando li isso, lembrei de um texto que escrevi há alguns anos atrás que mostra como era o futebol jogado no Brasil, antes do Jorge Jesus.
Era mais ou menos assim:
“Técnicos de futebol ganham bem.
Muito bem.
Não tenho nada contra. Nem a favor. Muito pelo contrário.
Bons profissionais devem ser bem remunerados.
Em qualquer profissão.
Mas tem uma coisa que me incomoda nos altos salários dos treinadores:
O medo de perder (no caso, o salário) tira a vontade de ganhar (no caso, as partidas).
Derrotas derrubam técnicos.
Empates mantém o emprego – ao menos por um bom tempo – e os salários.
O medo de perder altos salários levam grandes técnicos como Vanderlei Luxemburgo, por exemplo, a virarem profissionais previsíveis.
Eles ficam ricos, mas viram treinadores comuns.
Joel Santana é o exemplo mais bem acabado.
Sempre foi retranqueiro. Rico, ficou pior.
No jogo contra o Lanús, pela Libertadores, o Flamengo teve longe de ser o time ofensivo que o técnico Joel Santana prometera na véspera.
O time que iria jogar pra frente ficou no vestiário.
O Flamengo que foi a campo jogou retrancado na maior parte do tempo.
O rubro-negro voltou da Argentina com um empate por 1 a 1, contra um time limitado, que errava muitos passes e mostrava pouca qualidade.
Um time comum.
Se tivesse o mínimo de ousadia, Joel teria ganhado o jogo. Fácil.
Apesar do discurso, Joel armou uma retranca feroz, com quatro volantes no meio-campo – Aírton, Maldonado, Willians e Renato - e só Deivid no ataque que - sabe-se lá porque –, também voltava pra ajudar a defesa.
O Flamengo só saía da defesa com chutões.
Apesar da falta de criatividade, Joel mantinha Botinelli, um meia criativo, no banco.
Aos 46 do segundo tempo, pasmem, numa demonstração de ousadia, Joel trocou Deivid por Negueba, que não teve tempo sequer de tocar na bola.
O Flamengo manteve o empate.
E Joel, o emprego”.
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