Dia 15 de outubro comemora-se o Dia do Professor. Mas afinal o que há para comemorar? Temos de fato motivos para tal? Queria muito poder afirmar que sim, mas infelizmente percebo que não.
Recentemente encontrei uma jovem professora que havia se formado em Letras no ano anterior. Lembro-me das vezes que nos encontrávamos pelos corredores da faculdade, do seu entusiasmo em se formar para exercer o magistério como professora de português e literatura.
Só que nesse meu novo encontro com ela, percebi outra coisa, a motivação já não era a mesma. Perguntei como estavam as coisas, se ela estava gostando de ser professora, enfim, aquele papo trivial. Para minha surpresa ela disse que, mesmo querendo muito ser professora, havia abandonado a sala de aula em meados de setembro. Ainda segundo ela é impossível ser professora no Brasil, pois a indisciplina, o desinteresse, o descaso com a educação tomou conta da escola.
Hoje sabemos que faltam professores em várias áreas do conhecimento. Ser professor deixou de ser um atrativo para os jovens, salvo raras exceções. O que acarreta de certa forma a manutenção de um ciclo vicioso da má qualidade da educação brasileira.
Precisamos, urgentemente, da criação de políticas públicas que atraiam o interesse das pessoas para o magistério. Aqui, não me refiro somente a plano de cargos e salários, mesmo sabendo que também é essencial. Atualmente os professores no Brasil, comparando com outros países do nosso nível, estão entre os mais mal pagos, mas ratifico a necessidade de políticas públicas que tornem a escola, e por consequência a carreira do professor, mais digna de ser realizada.
O professor no Brasil encontra-se num quadro de total abandono, poucas são as exceções de prefeituras e estados em que se pode verificar o contrário. Será que conseguiríamos apontar dez cidades e três estados que valorizam, de fato, o professor e consequentemente a educação? Apontar sem demagogia ou números mirabolantes que escondem a realidade. Como estamos no Brasil, estou quase convencido que posso afirmar que não, mas podemos tentar.
Infelizmente, o professor no Brasil é malformado, mal remunerado, trabalha em situação de extremo stress: a maioria com salas lotadas, alunos sem limites e por consequência indisciplinado e o pior, que não acredita na educação, na importância da escola na vida dele. A tudo isso junta-se uma burocracia inútil, modismos e governos que insistem em fazer o que não sabe o que está fazendo. É isto que parece ser.
Uma profissão tão sublime sendo renegada, pelo governo, pela população e tristemente, por grande parte dos profissionais da educação, que começam a acreditar que a batalha está vencida e que cada um torna-se o grande perdedor.
Quando este cenário irá mudar? Haja esperança e amor pela profissão!
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