Brasil

Maioria dos eleitores rejeita candidatos que defendam anistia a Bolsonaro e réus do 8 de Janeiro, mostra Datafolha

Levantamento revela que 61% dos brasileiros não votariam em candidatos que prometam perdoar envolvidos em atos golpistas; rejeição é maior entre eleitores de centro e esquerda

pessoas nas ruas
Fernando Frazão/ABR - 

Brasília - A proposta de anistiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, seus aliados e os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro é amplamente rejeitada pela população brasileira. Segundo pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (3), 61% dos eleitores afirmam que não votariam de jeito nenhum em um candidato que defendesse esse tipo de perdão.

A pesquisa ouviu 2.004 pessoas com 16 anos ou mais, em 130 municípios, entre os dias 29 e 30 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Outros 19% disseram que votariam com certeza em um candidato que fizesse essa promessa, enquanto 14% afirmaram que talvez votassem. Apenas 6% não souberam responder.

O tema da anistia tem dividido o debate político e aparece como um dos principais pontos de tensão no embate entre direita e esquerda. Entre os eleitores que se identificam com a direita, 58% apoiariam um candidato defensor da anistia, enquanto 39% rejeitam essa proposta. Já entre eleitores de centro, a rejeição sobe para 63%. Na esquerda, o índice chega a 79%.

Julgamento no STF se aproxima

A divulgação da pesquisa acontece no momento em que o julgamento do chamado “núcleo duro” da tentativa de golpe de 2022 entra na fase final. Desde a última quarta-feira (30), advogados de Jair Bolsonaro e de outros seis acusados têm até meados de agosto para apresentar suas alegações finais ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O caso envolve nomes como Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, também é réu no processo e firmou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República.

A PGR já apresentou suas alegações finais e pediu a condenação dos oito acusados. Com o fim dos prazos, o processo será encaminhado para julgamento na Primeira Turma do STF, em data ainda a ser marcada no segundo semestre.

A discussão sobre uma eventual anistia, defendida por setores da oposição ligados ao ex-presidente, esbarra na resistência da maioria do eleitorado — e pode se tornar um fator de peso na disputa eleitoral de 2026.

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