Brasil

PF aponta Bolsonaro e Carlos como líderes de esquema de espionagem ilegal na Abin

Investigação conclui que pai e filho integravam núcleo político de organização criminosa

carlos bolsonaro
Foto: Renan Olaz/CMRJ - 

Brasília - A Polícia Federal (PF) concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) integraram uma organização criminosa que operava ilegalmente dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com o objetivo de monitorar adversários políticos.

A acusação consta no relatório final do inquérito da “Abin Paralela”, finalizado na segunda-feira (17) e tornado público nesta terça-feira (18) por decisão do relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes.

No documento, a PF afirma que as provas colhidas ao longo da investigação demonstram a existência de um “núcleo de propagação de desinformação”, que agia contra quem se colocasse em oposição ao grupo político liderado por Bolsonaro e seu filho.

“As evidências colecionadas [...] não deixam dúvidas sobre a existência de um núcleo de propagação de desinformação, responsável pela produção e disseminação direcionada contra aqueles que se opusessem [...] ao intento do núcleo político”, diz o relatório da PF.

Indiciamentos

A PF indiciou cerca de 30 pessoas, incluindo Carlos Bolsonaro e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin durante o governo Bolsonaro. A lista inclui ainda servidores da agência e policiais federais cedidos ao órgão, que teriam atuado em ações ilegais de monitoramento.

O ex-presidente Jair Bolsonaro não foi indiciado nesse inquérito porque já responde, no STF, à ação penal que trata da tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Nesse processo, ele é investigado também pelo uso clandestino da Abin como parte da estratégia golpista.

Abin Paralela

As investigações apontam que a estrutura da chamada “Abin Paralela” foi usada para espionar autoridades públicas, jornalistas, integrantes do Judiciário e adversários políticos. A PF também identificou o uso de ferramentas tecnológicas para a coleta ilegal de informações sigilosas, inclusive de agentes do Paraguai envolvidos em negociações da usina hidrelétrica de Itaipu.

O caso gerou repercussão nacional e levou o atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, a publicar, em abril, nota se colocando à disposição para colaborar com as autoridades.

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