Coluna

ZÉ DA VELHA E A MENOR BIG BAND DO MUNDO

Rio de Janeiro - "A vida é a arte do encontro. Embora haja tantos desencontros pela vida..."

Os versos de "Samba da Benção", escrito por Vinícius de Moraes (em parceria com Baden Powell), ilustram dois dos maiores encontros da Música Popular Brasileira.

O primeiro aconteceu em 1965, no Bar Villarino, no centro do Rio.

Reduto de boêmios, artistas, jornalistas e intelectuais, lá, Tom Jobim foi apresentado a Vinícius de Moraes, pelo jornalista Lúcio Rangel, para musicar a peça "Orfeu da Conceição". 

A peça estreou no ano seguinte. A dupla entrou para a história da MPB.

O outro, aconteceu em 1983, numa churrascaria que eu tinha em São Cristovão, na zona norte do Rio. Rolava na churrascaria, uma roda de choro aos sábados, à tarde,  comandada pelo já consagrado Zé da Velha.

Um dia, o compositor e flautista, Cláudio Camunguelo - parceiro de Zeca Pagodinho - chegou com Silvério Pontes e apresentou ao Zé, que tomava um chopp, no balcão de pedra do bar.

Reprodução / Facebook - 

Fiquei observando a reação do veterano músico ao se deparar com o jovem franzino, que carregava nas mãos um trompete. Zé da Velha, simpático como sempre, cumprimentou o garoto, mas não deu muita bola. 

Silvério era um menino. Mas já tocava como gente grande.

O menino passou a frequentar a roda, junto com outros bambas como Mário Pereira, Canhoto, Camunguelo, Orlando Silveira, Walter, Luna do Pandeiro e Dino 7 Cordas, entre outros.

Tempos depois, veio a parceria e, com ela, o primeiro disco:  "Só Gafieira", de 1995, lançado pela Kuarup. O disco, com a produção impecável do Mario Aratanha e do Janine Houard tinha pérolas como "Acariciando", "No Rancho Fundo", "Feitio de Oração" e "Onde a Dor não Tem Razão", entre outras. 

Depois desse, vieram mais uma meia dúzia de discos e shows no Brasil e no exterior. A dupla fez tanto sucesso que passou a ser conhecida como "A Menor Big Band do Mundo".

José Alberto Rodrigues Matos, mais conhecido como Zé da Velha, nasceu em Aracajú, Sergipe. Foi influenciado musicalmente pelo pai que, além de alfaiate profissional era flautista e saxofonista amador.

Veio para o Rio de Janeiro, ainda adolescente, aos 15 anos começou a tocar trombone e logo cedo, se enturmou com músicos de gafieira, sambistas e chorões da Velha Guarda, de onde veio o apelido que virou nome artístico.

Zé da Velha tocou com nomes como Pixinguinha, Donga, João da Bahiana, Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Copinha, Abel Ferreira, Paulo Moura, Valdir e Valter Silva, no conjunto Chapéu de Palha, entre outros.

Vida longa ao Zé da Velha!

Ediel Ribeiro (RJ)

709 Posts

Coluna do Ediel

Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

Comentários