- Athaliba, em meio a essa pandemia do COVID-19 que ameaça extinguir a nossa espécie do planeta, vasculhando notícias em sites de jornais e revistas, vi mensagem enviada ao primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, Raúl Castro Ruz, e ao presidente da República de Cuba, Miguel Diaz-Canel Bermúdez, agradecendo a ajuda de médicos cubanos à região da Lombardia, na Itália, a mais infectada pelo vírus no país. O final da mensagem enfatiza a afirmação que “também na Itália se entendeu que o capitalismo fornece o supérfluo, enquanto o socialismo dá o que é necessário”. Tá vendo, no socialismo se privilegia o essencial à vida!
- Marineth, de quem é a chancela da mensagem?
- Athaliba, a mensagem é assinada pela direção do Partido Comunista da Itália, que elogia a valiosa cooperação da “ilha maior das Antilhas” à ajuda ao sistema de saúde pública italiano em um sério momento de emergência nacional. Assinala a epístola que “depois de anos de cortes nos gastos em saúde pública, nosso sistema de saúde encontra-se em grandes dificuldades hoje, apesar do trabalho abnegado e implacável de médicos e profissionais de saúde, que também estão hoje na trincheira contra o coronavírus”.
- Marineth, a pandemia na Itália provocou a morte de 120 médicos e enfermeiros, até 7/4, segundo dados divulgados pela Federação Nacional da Ordem dos Profissionais de Enfermagem (Fnop) e da Federação Nacional da Ordem dos Médicos (Fnomceo). Foram 26 enfermeiros nos 6.549 infectados, sendo o setor com a maior quantidade de casos positivos entre os profissionais de saúde. Médicos somaram 94 mortos por conta do vírus, Na ocasião, a Itália já contabilizava, segundo a Defesa Civil, 16.523 mortos e 132.547 contaminados. Esses números aumentam de maneira assustadora. Estima-se que a Itália pode ter mais de 20 mil mortos pelo COVID-19.
- Pois é, Athaliba. Nesse momento se torna imperativo repercutir a ajuda de solidariedade de Cuba a Itália, que no início do governo do mito pés de barro sofreu campanha difamatória no programa Mais Médicos no Brasil. O programa, criado em 2013, objetivando suprir as carências de saúde no interior e nas periferias das grandes cidades, chegou a contar com cerca de 20 mil médicos cubanos. O país caribenho possui ampla experiência no envio de médicos a outros países para atuar em áreas diversas da saúde, como atenção primária, cirurgias e vítimas de desastres naturais.
- Marineth, o princípio da concepção política ideológica em Cuba é fundamentado na ajuda mútua entre os povos, na luta pela prosperidade, justiça social e a paz no planeta.
- Sabe, Athaliba, a mensagem de agradecimento exalta “uma pequena ilha estrangulada por muitos anos pelo bloqueio econômico total da maior potência do mundo; uma das nações que está dando uma grande lição de solidariedade e humanidade, seus médicos curaram pacientes em 64 países do mundo; e, graças aos ensinamentos do comandante Fidel, eles testemunharam o valor e a superioridade da sociedade socialista”.
- Marineth, o balanço final da pandemia do COVID-19, por certo, irá provocar nova ordem à saúde pública em muitos países, podendo ter o sistema cubano como exemplo. Estive em Cuba início da década de 1980 e constatei a seriedade da política pública de saúde, fundamentalmente na área rural. Lá a saúde é praticada de maneira preventiva, diferentemente do modelo curativo que é adotado em diversos países. A direção da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou, anos depois, que “Cuba pode ter um dos melhores sistemas de saúde do mundo” e salientou que o que a ilha pratica é “modelo” para outros países.
- Athaliba, mesmo com recursos limitados e o impacto pelas sanções ao país, Cuba tornou universal o acesso à saúde. Parte do sucesso na área se deve ao fato de que cerca de 10% do PIB é destinado à saúde, muito acima da verba destina em países como EUA, França, Espanha e Alemanha. Lá não tem maracutaia que desvia verbas públicas.
- Sim, Marineth. O nosso SUS, criado pela Constituição Federal em 1988, tem a finalidade de alterar o quadro de desigualdade na assistência à saúde da população, sem discriminação. Todo cidadão tem o direito ao cartão e utilizar a rede pública de saúde. Porém, a distância entre o princípio e a realidade é absurda. O SUS vive em coma e não sai da UTI. O problema é político? Por quê a distância da universalidade e da igualdade e ainda mais longe da integralidade? O SUS sobreviverá ao COVID-19? Oxalá! Do contrário, o ataúde do SUS irá à vala comum, sem velório.
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