Saúde

SUS amplia proteção contra vírus sincicial respiratório com nova vacina e anticorpo monoclonal

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Marcelo Camargo / ABR 

Brasília - O Ministério da Saúde anunciou a incorporação de duas novas tecnologias ao Sistema Único de Saúde (SUS) para prevenir complicações causadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR), um dos principais agentes de infecções respiratórias graves em bebês, incluindo a bronquiolite.

Serão disponibilizados o anticorpo monoclonal nirsevimabe, indicado para bebês prematuros e crianças de até 2 anos com comorbidades, e a vacina recombinante contra os vírus sinciciais A e B, aplicada em gestantes para proteger os recém-nascidos nos primeiros meses de vida.

As medidas foram aprovadas na 137ª Reunião Ordinária da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), que destacou o impacto positivo da iniciativa na redução de hospitalizações e óbitos infantis.

“O objetivo é reduzir a mortalidade infantil associada ao vírus por meio da imunização ativa de gestantes e bebês prematuros”, informou o ministério em nota.

A expectativa da pasta é que a vacina para gestantes possa evitar cerca de 28 mil internações por ano, enquanto a estratégia combinada deve proteger cerca de 2 milhões de bebês no período mais vulnerável a complicações respiratórias. A portaria oficializando a incorporação das tecnologias será publicada nos próximos dias.

Como funcionam as novas proteções?
O nirsevimabe é um anticorpo monoclonal que oferece proteção imediata contra o VSR, sem a necessidade de estimular o sistema imunológico do bebê a produzir seus próprios anticorpos. Esse fator torna o medicamento especialmente indicado para prematuros e crianças menores de 2 anos com comorbidades.

Já a vacina recombinante induz uma resposta imunológica na gestante, garantindo que os anticorpos passem para o bebê ainda durante a gravidez, protegendo-o nos primeiros meses de vida – período em que as complicações pelo VSR são mais frequentes.

Impacto e números do VSR no Brasil
O vírus sincicial respiratório é responsável por 80% dos casos de bronquiolite e até 60% das pneumonias em crianças menores de 2 anos, segundo a Secretaria de Atenção Primária à Saúde.

Dados do Ministério da Saúde indicam que uma em cada cinco crianças infectadas pelo VSR precisa de atendimento ambulatorial, enquanto uma em cada 50 é hospitalizada no primeiro ano de vida. Entre 2018 e 2024, foram registradas 83.740 internações de bebês prematuros devido a complicações do vírus.

Até agora, a principal opção disponível no SUS era o palivizumabe, indicado apenas para prematuros extremos (menos de 28 semanas de gestação) e crianças com doenças pulmonares crônicas ou cardiopatias congênitas graves.

Com a inclusão do nirsevimabe, o governo espera ampliar a proteção para 300 mil crianças a mais em relação ao protocolo atual. Já a vacina para gestantes pode beneficiar cerca de 2 milhões de bebês, aumentando a cobertura contra o vírus.

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