“Vejam essa maravilha de cenário
É um episódio relicário
Que o artista, num sonho genial
Escolheu para este carnaval
E o asfalto como passarela
Será a tela do Brasil em forma de aquarela”
- Marineth, esses versos são do samba “Aquarela brasileira”, de Silas de Oliveira, que abre o repertório do LP Maravilha de cenário de Martinho da vila, comemorando 50 anos neste 2025. O samba foi gravado também por Elza Soares, Elis Regina, Roberto Ribeiro, Dudu Nobre, Emílio Santiago, Beth Carvalho, Simone, Diogo Nogueira, Fernanda Abreu, Arlindo Cruz, Leci Brandão, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, entre outros artistas. É uma obra musical sem igual!
- Athaliba, quais as outras músicas do disco do Martinho, celebrando o seu quinquagésimo aniversário?

- Marineth, o Martinho da Vila, que considera “Aquarela brasileira” o melhor samba-enredo de todos os tempos, fechou o repertório com a sua marca naquele gênero de música: “Glórias gaúchas”. Este samba garantiu o 5º lugar à escola Unidos de Vila Isabel no carnaval de 1970. As demais são: “Você não passa de uma mulher”, “Tempo de menino”, “Andado de banda”, “Lá na roça (Mês de Maria)”, “Maré mansa”, “Salve a mulatada brasileira”, “Verdade verdadeira”, “Cresci no morro”, “Hino dos batutas de São José” e “Se algum dia”.
- Athaliba, aquele célebre samba do Silas, aplaudido pelo público que gritava “já ganhou”, durante o desfile da Império Serrano, foi enredo baseado na música “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso. E a notícia da morte dele deixou consternados integrantes da escola, no exato momento no qual se preparavam para o desfile. É episódio marcante que talvez tenha afetado a exibição da agremiação, devido à morte do compositor mineiro de Ubá, no inesquecível dia 9/2 de 1964.
- Marineth, sem dúvida. O samba foi interpretado, no desfile, pela cantora Carmem Silvana. A elaboração das alegorias exaltando as regiões do país esteve nas mãos do cenógrafo, diretor de arte e roteirista de cinema Cajado Filho e do artista plástico Jorge Bittencourt. Apesar de parte da imprensa noticiar a agremiação como provável campeã, a Império Serrano ficou em 4º lugar. A campeã foi a Portela, com o enredo O segundo casamento de D. Pedro I.
- Athaliba, fato de lastimosa memória na história brasileira naquele ano de 1964 foi o golpe civil-militar que instituiu ditadura com generais do Exército se alternando no poder usurpado pelo marechal Humberto de Alencar Castelo Branco no alto de 1,64m. Deixando isso de lado, por ora, (mesmo após outra tentativa de golpe, desta vez, orquestrada pelo mito pés de barro que esteve na presidência da República de 1º/1/1019 a 1º/1/2023 - ele será julgado pelo STF - Supremo Tribunal Federal - dia 2/9), o que mais ocê destaca do LP do Martinho?
- Marineth, a obra de arte da capa do disco feita por Elifas Andreato, ilustrador e designer. Ele é considerado o maior capista, com produção recorde de 362 discos, na era do formato vinil da indústria fonográfica. Traço excepcional e inconfundível com sentido social que protestava, por meio da arte. Por reconhecimento ao seu trabalho foi homenageado no Prêmio Vladimir Herzog, em 2011, devido à perseguição sofrida durante a ditadura civil-militar no período de 194 a 1985.
- Athaliba, o Martinho da Vila fez a opção certa em larga à carreira militar com a patente de sargento do Exército para se dedicar à carreira artística como compositor e cantor. Ele é o grande expoente da cultura musical popular e nós, sociedade brasileira, o agrademos por isso.
- Marineth, a trajetória de vida de Martinho José Ferreira é admirável. É filho de lavradores da Fazenda Cedro Grande, em Duas Barras, no interior do Rio de Janeiro. E, já reconhecido no Brasil e no exterior, soube da venda da fazenda e a comprou. A sua participação no III Festival da Record, em 1967, com “Menina moça”, o impulsionou para o sucesso de “Casa de bamba”, no ano seguinte. Em 1969 lançou o 1º LP, tendo o nome no título.
- Athaliba, o Martinho, entre ilustres prêmios recebidos, tem a Ordem do Mérito Cultural por contribuição à cultura brasileira. Dos livros que é autor: Vamos brincar de política e Kizombas, andanças e festanças. Aos 86 anos lançou o 53º disco, Violões e cavaquinhos, em maio de 2024. E não pensa em parar. Parar pra que? Ele conduz a vida no ritmo devagar, devagarinho.
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