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Belo Horizonte - Dados do Ministério da Saúde indicam que, entre 2012 e 2022, foram contabilizados mais de 21 mil casos de câncer de pênis no país. A doença, que pode ser prevenida com hábitos simples de higiene e vacinação contra o HPV, levou à amputação do órgão em mais de 6 mil pacientes ao longo dos últimos dez anos.
Os dados obtidos pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) com o Ministério da Saúde apontaram que, nos últimos 10 anos (de 2015 a setembro de 2024), ocorreram mais de 22,2 mil internações devido ao câncer de pênis — uma média de 2,2 mil por ano. Além disso, mais de 5,8 mil homens tiveram o pênis amputado, representando uma média de 585 amputações anuais. No mesmo período, de 2014 a 2023, foram contabilizadas mais de 4,5 mil mortes causadas pela doença.
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) alerta que a falta de informação e o diagnóstico tardio contribuem para a alta incidência da doença no Brasil. Em fevereiro, mês do Dia Mundial do Câncer, a entidade realiza a quinta edição da Campanha de Prevenção ao Câncer de Pênis, com ações educativas nas redes sociais para conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.
Sintomas e fatores de risco
O câncer de pênis afeta principalmente homens acima dos 50 anos, mas também pode atingir indivíduos mais jovens. Os principais sintomas incluem:
- • Ferida persistente que não cicatriza;
- • Secreção com odor forte;
- • Alteração na cor ou espessamento da pele da glande;
- • Presença de nódulos na virilha.
Entre os fatores de risco, destacam-se:
- • Falta de higiene íntima adequada;
- • Presença de fimose, que impede a higienização correta da glande;
- • Infecção pelo HPV;
- • Tabagismo;
Impacto e prevenção
O Brasil está entre os países com maior incidência de câncer de pênis no mundo. Segundo especialistas, o diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações graves, incluindo a amputação do órgão. A prevenção pode ser feita por meio de medidas simples, como:
- • Uma boa higienização do pênis com água e sabão;
- • Lavagem da região íntima após relações sexuais;
- • Vacinação contra o HPV, disponível no SUS para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos e imunossuprimidos até 45 anos;
- • Cirurgia de postectomia (retirada do prepúcio) em casos necessários;
- • Uso de preservativo para prevenção de infecções sexualmente transmissíveis.
Tratamento e prognóstico
O tratamento do câncer de pênis pode envolver cirurgia, radioterapia e quimioterapia, dependendo do estágio da doença. Em casos avançados, a amputação do pênis pode ser necessária. "Quando detectado no início, é possível remover apenas a pele afetada, preservando a funcionalidade do órgão. Mas, se a doença avança, a mutilação pode ser inevitável", explica Dr. Roni de Carvalho Fernandes, diretor da Escola Superior de Urologia.
Estudos indicam que o Brasil ocupa posições de destaque no ranking mundial de incidência e mortalidade da doença. Em 2020, mais de 13 mil homens morreram em decorrência do câncer de pênis no mundo, sendo 539 dessas mortes registradas no Brasil. Regiões do Norte e Nordeste apresentam os índices mais elevados do país, reflexo de condições socioeconômicas e educacionais.
A SBU reforça a necessidade de ampliar as campanhas de prevenção e informação sobre a doença, visando reduzir os números alarmantes de casos e complicações no Brasil.
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