Rio de Janeiro - O genial Chico Anysio, dizia: “Eu não tenho medo de morrer. Tenho pena.”
Pensei, seria uma pena, também, se o humor carioca morresse.
Mas, apesar da pandemia, o carioca não perde o bom humor. Como na canção "Só Dói Quando Eu Rio", de Aldir Blanc e Moacyr Luz.
Mesmo em tempos difíceis, como os atuais, o carioca ri de tudo.
O humor carioca, como o vírus, é contagiante. Semana passada, em plena pandemia, os monumentos à Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Tom Jobim e Nelson Rodrigues apareceram protegidos por máscaras cirúrgicas, daquelas recomendadas para a população se proteger do coronavírus.
Enquanto as estátuas estão protegidas, nossos humoristas, imunes ao mau humor, continuam rindo de tudo.
Jornalistas e cartunistas cariocas já riram da Malária, da Febre Amarela, da Gripe Espanhola e do Impeachment da ex presidente Dilma, outra praga.
Grandes jornais de humor do país, surgiram aqui, na Cidade Maravilhosa. Tivemos “O Malho”, revista de sátira política e humor, de 1902, criada por Luís Bartolomeu de Souza e Silva; “A Manha”, do humorista Aparício Torelly, O Barão de Itararé; “A Carapuça”, de Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta; “O Pasquim”, criado por Tarso de Castro, Jaguar e Sérgio Cabral; o “Pif-Paf”, do Millôr Fernandes; “Planeta Diário”, do Reinaldo Figueiredo, Hubert e Cláudio Paiva; “Casseta e Planeta” e o “Cartoon”, entre outros.
Alguns tiveram vida longa, outros, como o “Pif- Paf” , do Guru do Méier e o “Cartoon”, criado e editado por mim, no final dos anos 70, sobreviveram apenas cinco números.
Os mais longevos foram “O Malho” que circulou por mais de 50 anos e “O Pasquim” que circulou durante 20 anos, em plena Ditadura Militar.
Agora, em plena crise do Covid-19, surgem mais duas publicações no cenário carioca. O jornal impresso “Mais Humor” e a revista digital “Supapo”. Ambos cheios de cartunistas e jornalistas “infectados” de humor.
O “Mais Humor” chegou primeiro. Criado em janeiro do ano passado por uma cooperativa de cartunistas, encabeçada pelo cartunista Nani, e mais, Mayrink, Amorim, J. Bosco, Ykenga, Rogério, William Medeiros, Magon, Alves e o jornalista Luiz Pimentel, o jornal já riu dos políticos, do governo Bolsonaro e até da crise na saúde. Já está na décima edição e, pasmem, com saúde.
A revista “Supapo” é mais nova. Surgiu na carona do corona - com perdão do trocadilho. Criado pela trinca de cartunistas J. Bosco, Magon e Waldez, a publicação, que conta com a colaboração de cartunistas como Aroeira, Fausto, Mariano, Cau Gomez, Claudia Kfouri, Gilmar, Nei Lima, entre outros, já é sucesso da internet
E não para por aí.
Depois da pandemia, cariocas e paulistas vão, finalmente, conhecer o “Hic! - jornal de buteco”. Com “u”, mesmo, como na corruptela instituída por Aldir Blanc, e respeitada aqui.
O lançamento do jornal já foi adiado pela crise financeira e pelo coronavírus, mas, desta vez, sai. O mini tablóide de humor conta com as luxuosas colaborações de cartunistas como Jaguar, Nani, Guidacci, Mayrink, Amorim, Ykenga, Nei Lima, Netto, J. Bosco e Magon; além de textos meus e dos jornalistas Moacyr Luz, Luiz Pimentel e Tom Cardoso.
O humor carioca surge, invariavelmente, nas mesas dos botecos, criado por jornalistas, cartunistas e intelectuais boêmios que, felizmente, ainda tem a capacidade de se indignar.
Enquanto houver indignação e uma folha em branco, o humor não morrerá.
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