Como o mendigo comemora a esmola que amordaça,
Resignamo-nos à crueldade dos que estão no comando
E seguimos condolentes por caminhos lodosos,
Crentes de que a humildade e a persistência nos salvarão,
Se não da vida, talvez na morte.
A religião e a ação do invisível nos evocam,
E nos aniquilam com suas carícias perversas.
A ciência nos felicita e nos subjuga com suas descobertas.
Gutenberg, Niépce, Dagarre, Friese-Greene, Marconi…
Tudo o que lemos, ouvimos, reproduzimos,
O movimento infernal das ancas universais,
A dança avassaladora da grande fera ululante;
A miséria, a promiscuidade, a guerra santa.
O Livro dos Espíritas, a Bíblia, a Torá, o Alcorão – substratos da ilusão humana.
Punhaladas políticas, venenos morais.
Bocejamos entre lobos e víboras
E nos alimentamos do vômito cultural de nossos ancestrais,
Somos todos hipócritas, somos todos irmãos
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