PF desmonta esquema de fraudes em contas Gov.br com uso de falsificação facial
Operação Face Off cumpre mandados em nove estados contra grupo que burlava autenticação biométrica

Brasília - A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (13), a Operação Face Off, que investiga uma associação criminosa especializada em fraudes contra a plataforma Gov.br, usada para acesso a serviços públicos digitais. Segundo a PF, os suspeitos burlavam os sistemas de autenticação biométrica facial da plataforma, assumindo o controle de contas digitais de terceiros para acessar indevidamente dados e serviços.
Em nota, a corporação informou que a organização criminosa utilizava técnicas sofisticadas de alteração de traços faciais, capazes de enganar os mecanismos de reconhecimento facial.
“As investigações revelaram que os criminosos simulavam traços faciais de terceiros para obter acesso indevido às contas digitais das vítimas, assumindo o controle total dos perfis e, consequentemente, de serviços públicos e informações pessoais sensíveis”, detalhou a PF.
A operação foi autorizada pela Justiça Federal do Distrito Federal, e envolve o cumprimento de cinco mandados de prisão temporária e 16 mandados de busca e apreensão nos seguintes estados: São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Paraíba, Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Tocantins.
Os investigados poderão responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático qualificada (Art. 154-A do Código Penal) e associação criminosa (Art. 288). A pena para os crimes pode ultrapassar oito anos de prisão, além de sanções adicionais.
Risco à segurança digital pública
O Gov.br é a principal plataforma do governo federal para acesso a serviços públicos digitais, como INSS, Receita Federal, Carteira Digital de Trânsito, vacinação e benefícios sociais. A segurança do sistema é baseada, em grande parte, em autenticação biométrica, incluindo reconhecimento facial com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Segundo especialistas, a vulnerabilidade explorada pela quadrilha acende um alerta sobre a necessidade de aprimorar os mecanismos de verificação biométrica e implementar camadas adicionais de segurança, como autenticação multifator.
“O uso de tecnologias de alteração facial por criminosos demonstra que o crime cibernético está cada vez mais sofisticado, exigindo constante atualização dos sistemas de proteção e do aparato investigativo das autoridades”, aponta o professor de segurança da informação Sérgio Spagnuolo, em entrevista ao jornal O Globo.
A PF ainda não divulgou o total de pessoas afetadas ou os valores envolvidos nas fraudes, mas informou que as investigações continuam em andamento, com o objetivo de identificar todos os membros da associação criminosa e seus esquemas de atuação.
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