Vereador flagra acúmulo de venenos vencidos e produtos tóxicos no almoxarifado da Prefeitura de Itabira
Denúncia revela risco ambiental e à saúde pública; materiais perigosos estariam vencidos desde 2023
Itabira (MG) - Uma fiscalização realizada nesta quinta-feira (24) pelo vereador Luiz Carlos de Souza (MDB), Luiz Carlos de Ipoema, trouxe à tona uma grave denúncia de descaso com a saúde pública e o meio ambiente em Itabira, na Região Central de Minas Gerais. Após receber informações anônimas, o parlamentar esteve no almoxarifado central da Prefeitura e flagrou o armazenamento irregular de substâncias químicas vencidas e produtos altamente tóxicos.

O vereador relatou que, inicialmente, enfrentou resistência por parte dos servidores para acessar a área onde os materiais estavam armazenados. Segundo Luiz Carlos, entre os materiais identificados estavam inseticidas, medicamentos e substâncias hospitalares de uso controlado, armazenados de forma inadequada, em um ambiente mal ventilado, com forte odor químico e sem controle técnico de segurança. “O cheiro era forte, o ambiente mal ventilado e os produtos estavam jogados de qualquer forma. É um descaso total com a população”, afirmou o vereador.
Entre os produtos encontrados estavam:
- • Inseticida SHOOT (Praletrina 1,25%): classificado como inflamável, tóxico para peixes e organismos aquáticos, e perigoso à saúde humana, podendo causar reações alérgicas, convulsões e até parada respiratória em caso de intoxicação.
- • Vectron 10 SC (Etofenprox 10%): inseticida de uso profissional que, quando manuseado sem os devidos cuidados, pode provocar distúrbios respiratórios e tremores.
- • Reveladores e fixadores radiológicos vencidos: compostos com substâncias como hidroquinona, ácido acético, ácido sulfúrico e tiossulfato de amônio, altamente corrosivas e tóxicas, com potencial de causar queimaduras, lesões oculares graves e contaminação ambiental.
Parte do material estaria vencido desde 2023, conforme indicado nas etiquetas em alguns frascos. A empresa pública Itaurb, responsável pelo manejo e descarte de resíduos, seria encarregada da destinação correta desses itens. No entanto, de acordo com o vereador, não há registros ou documentos que comprovem a execução desses procedimentos conforme determina a legislação ambiental.
"Esses resíduos exigem tratamento especializado. Se forem jogados no lixo comum ou em áreas inadequadas, podem poluir o solo, lençóis freáticos e colocar vidas em risco", advertiu.
O parlamentar estima que o material vencido represente um prejuízo superior a R$ 60 mil aos cofres públicos. "É dinheiro da saúde jogado no lixo. E pior: com risco de causar um desastre ambiental se nada for feito", completou.
O vereador encaminhou o Ofício nº 098/2025 à secretária municipal de Saúde, Fabiana Marques Machado Lima, solicitando explicações formais sobre a situação, e pediu que providências urgentes sejam tomadas para evitar danos maiores.
O descarte inadequado de substâncias químicas está sujeito a sanções previstas na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), que prevê penas de reclusão e multa para quem causar poluição que possa resultar em danos à saúde humana ou mortandade de animais.
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