Inflação de março fica em 0,64% e alimentos são os principais vilões
IPCA-15 acumula alta de 5,26% em 12 meses, aponta IBGE

Brasília - A prévia da inflação oficial de março, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), registrou alta de 0,64%, com forte impacto do aumento nos preços de alimentos e bebidas. No acumulado de 12 meses, o índice chegou a 5,26%, ultrapassando a meta do governo, que tem limite de 4,5%.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar da alta, houve uma desaceleração em relação a fevereiro, quando o IPCA-15 marcou 1,23%. Em março de 2024, o índice havia sido de 0,36%.
Alimentos e bebidas lideram pressão inflacionária
Todos os nove grupos pesquisados pelo IBGE apresentaram alta média de preços em março. O destaque foi o setor de alimentos e bebidas, com aumento de 1,09%, representando o maior impacto no IPCA-15 (0,24 ponto percentual). Em fevereiro, a variação havia sido de 0,61%.
A alimentação no domicílio subiu de 0,63% em fevereiro para 1,25% em março, enquanto a alimentação fora de casa acelerou de 0,56% para 0,66%.
Os principais itens que pressionaram a inflação foram:
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Ovo de galinha: 19,44% | impacto: 0,05 p.p.
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Café moído: 8,53% | impacto: 0,05 p.p.
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Tomate: 12,57% | impacto: 0,03 p.p.
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Refeição: 0,62% | impacto: 0,02 p.p.
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Mamão: 15,19% | impacto: 0,02 p.p.
A alta no preço dos alimentos preocupa o governo, que adotou medidas para conter os aumentos, como a redução de imposto de importação para produtos como o café. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou em entrevista que espera um recuo dos preços nos próximos 60 dias.
Transportes também pesam no índice
O setor de transportes foi o segundo que mais impactou o IPCA-15, com alta de 0,92% em março, acima dos 0,44% registrados em fevereiro. Isso representou um impacto de 0,19 p.p. no índice geral. Somados, os grupos de alimentos e transportes foram responsáveis por dois terços da inflação no mês.
O aumento foi puxado pelos combustíveis, que subiram 1,88%, com destaque para:
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Óleo diesel: 2,77%
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Etanol: 2,17%
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Gasolina: 1,83% (maior impacto individual no índice, 0,10 p.p.)
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Gás veicular: 0,08%
Enquanto isso, os setores de habitação e educação, que haviam subido mais de 4% em fevereiro, desaceleraram para 0,37% e 0,07%, respectivamente.
Variação dos grupos de despesa em março
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Índice Geral: 0,64%
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Alimentação e bebidas: 1,09%
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Habitação: 0,37%
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Artigos de residência: 0,03%
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Vestuário: 0,28%
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Transportes: 0,92%
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Saúde e cuidados pessoais: 0,35%
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Despesas pessoais: 0,81%
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Educação: 0,07%
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Comunicação: 0,32%
Acumulado do IPCA-E e comparação com anos anteriores
O IBGE também divulgou o IPCA-E, que reflete o acumulado do IPCA-15 nos três primeiros meses do ano. Em 2025, o índice ficou em 1,99%, acima dos 1,46% registrados no mesmo período de 2024.
O acumulado de 12 meses do IPCA-15 (5,26%) é o maior desde março de 2023, quando estava em 5,36%. Esse é o primeiro mês, em 17 meses, que o índice ultrapassa a marca dos 5%.
Diferenças entre IPCA-15 e IPCA
O IPCA-15 segue metodologia semelhante ao IPCA, a inflação oficial usada pelo governo na política de metas, que tem centro de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 p.p. para mais ou para menos.
A principal diferença está no período de coleta de preços e na abrangência geográfica. O IPCA-15 é divulgado antes do fim do mês de referência e sua pesquisa foi realizada entre 13 de fevereiro e 17 de março.
Ambos os índices consideram uma cesta de consumo para famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos. No caso do IPCA-15, a coleta de preços ocorre em 11 localidades do país, enquanto o IPCA é mais abrangente, cobrindo 16 localidades. O IPCA cheio de março será divulgado em 11 de abril.
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