
Brasília - Após ser tornado réu por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro negou qualquer envolvimento na articulação de um golpe com os comandantes das Forças Armadas para suspender as eleições de 2022. A Procuradoria-Geral da República (PGR) sustenta que Bolsonaro participou da elaboração de uma minuta para um golpe, o que ele nega veementemente.
"Antes de uma hipotética assinatura de um decreto de Estado de Defesa, como previsto no artigo 136 da Constituição, o presidente da República deve convocar os Conselhos da República e da Defesa. Esse seria o primeiro passo. Não adianta colocar um decreto na minha frente para assinar. Não convoquei os conselhos, nem houve atos preparatórios", afirmou Bolsonaro em uma declaração pública em frente ao Senado, em Brasília.
Sem responder às perguntas dos jornalistas, Bolsonaro discursou por 50 minutos ao lado de aliados no parlamento, logo após a decisão da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que o tornou réu. Ele reiterou que é vítima de perseguição política e criticou o ministro do STF, Alexandre de Moraes. Além disso, Bolsonaro questionou a segurança das urnas eletrônicas sem apresentar provas.
A denúncia da PGR aponta que Bolsonaro realizou uma reunião em 7 de dezembro de 2022, no Palácio da Alvorada, com os comandantes do Exército, Aeronáutica e Marinha, onde teria sido apresentada a minuta do golpe para suspender as eleições. Segundo a PGR, o então comandante da Marinha, Almir Garnier, teria aceitado a proposta, enquanto os demais comandantes a rejeitaram.
Bolsonaro argumentou que discutir hipóteses de dispositivos constitucionais não é crime e que os comandantes militares jamais embarcariam em uma "aventura" de golpe de Estado1. A narrativa de perseguição política de Bolsonaro tem sido questionada por especialistas, que a veem como uma estratégia para se livrar das acusações.
Comentários